A Ministra da Defesa Nacional, durante a inauguração do Centro Multinacional de Coordenação Marítima da Zona G, nas instalações da antiga ENAPOR, no Porto da Praia, destacou que Cabo Verde e a Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental assinaram um acordo em Outubro de 2022 para sediar o centro. A decisão de criar o centro surgiu de uma reunião interministerial da CEDEAO e da Comissão do Golfo da Guiné, visando a protecção e segurança marítima nas regiões da África Ocidental e Central.
A iniciativa, como explicou a governante, visa combater a insegurança, criminalidade, pirataria e facilitar o aumento do comércio entre os países. A estratégia adotada em 2014 divide a região em três zonas, sendo a Zona G composta por Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Senegal e Cabo Verde. Cada zona tem um Centro Multinacional de Coordenação Marítima, coordenado por um Centro Regional em Abidjan, Costa do Marfim, que promove a cooperação internacional e o intercâmbio de informações entre os centros.
“Pretendemos, enquanto país, contribuir no âmbito da União Africana e do CEDEAO para a criação de uma verdadeira identidade africana de segurança e defesa, no espírito potencializador da complementaridade necessária com os princípios e objectivos da União Africana e da Carta das Nações Unidas. Nós assumimos nossas responsabilidades em defesa da paz e da segurança, particularmente da região atlântica em que nos inserimos, contribuindo, também, para a necessidade de coordenação internacional na realização de uma política de paz e segurança o Atlântico Norte e o Atlântico Sul”.
A ministra da Defesa Nacional salientou que Cabo Verde necessita de estabilidade e segurança para potenciar a sua posição geoestratégica, para atrair investimento externo, garantir um elevado nível de competitividade e prover a segurança das pessoas e bens que atravessam as suas águas e espaços de segurança aérea.
“Cabo Verde está integrado numa região que precisa igualmente garantir os valores de soberania, de democracia, liberdade e de desenvolvimento e prosperidade. Vivemos num mundo cada vez mais globalizado e é mais do que evidente que nenhum país por si só consegue garantir a sua segurança,(...) Com efeito, diante da internacionalização da criminalidade organizada, encabeçada pelo terrorismo e pelo tráfico de drogas e de armas associadas ao branqueamento de capital, pirataria e pesca ilegal, as alianças são permanentes, por isso, há um apelo cada vez maior para o reforço das instituições com funções nos domínios da defesa e segurança. Neste contexto, nós estamos respondendo a este apelo”.
A governante explicou que o centro, interligando-se a vários outros centros, envolvendo e abarcando 15 países da CEDEAO, acaba por ser uma resposta regional, com impacto na paz e na segurança de todos.
“Para nós, acolher a sede deste Centro Multinacional de Coordenação Marítima da CEDEAO, da Zona G, da qual fazemos parte, representa não só a materialização de um projecto, mas também um marco significativo, pois enaltece o comprometimento e a relevância de Cabo Verde no contexto da segurança marítima regional e global, privilegiando a importância estratégica que o centro representa, tanto para o nosso país, quanto para a CEDEAO”.
Por sua vez, a embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó, destacou o trabalho exemplar realizado no país como resultado de uma abordagem integrada e pragmática. Reconhecendo as ameaças, especialmente relacionadas a fluxos ilícitos, como o tráfico de drogas e a pesca irregular, Grijó enfatiza a importância da cooperação internacional.
Segundo a representante da União Europeia, a localização estratégica de Cabo Verde intensifica a necessidade de uma abordagem colaborativa para enfrentar desafios interconectados, incluindo riscos associados ao financiamento de actores não-estatais por meio de actividades ilícitas, destaca a importância da cooperação regional e internacional para abordar eficazmente os desafios presentes nesse ambiente.
“A União Europeia continuará a apoiar o trabalho que foi feito através de nossos programas e por membros dos Estados para garantir uma consciência do domínio marítimo melhorada e compartilhada, a consciência do domínio marítimo e o aprimoramento das capacidades operacionais de avaliação regional, naval e de defesa de leis. Este Centro Multinacional de Coordenação Marítima constitui um passo muito significativo para completar a arquitetura de Yaoundé, pelo que cabe felicitar a CEDEAO. No actual contexto difícil para a organização, esta conferência reafirma o valor da CEDEAO, da cultura da integração regional e do trabalho em conjunto”.
O Centro Multinacional de Coordenação Marítima da Zona G, será comandado pelo Director Seydina Mbemgue, que na sua intervenção destacou a importância da cooperação para a segurança marítima e sublinhou "juntos para um mar mais seguro".