Declarações feitas hoje durante uma conferência de imprensa para reagir ao Índice Mundial da Liberdade de Imprensa, publicado hoje pela organização não governamental RSF.
Lourenço Lopes enfatizou o respeito do Governo pelos ‘rankings’ das instituições internacionais, mesmo quando as classificações não são favoráveis.
"Respeitamos e valorizamos o relatório da RSF, mas temos consciência da real situação do exercício do jornalismo em Cabo Verde. Aliás, muito recentemente, a Freedom House classificou Cabo Verde como o país mais livre de África. Portanto, se nessa altura aceitamos com agrado essa classificação, temos também que aceitar e pensar também, porque estes momentos são momentos de reflexão", afirmou.
O governante reconheceu os desafios apontados pelo relatório, especialmente a necessidade de trabalhar para uma maior sustentabilidade dos órgãos privados de comunicação social e criar um ambiente propício para o exercício do jornalismo de qualidade em Cabo Verde.
Quanto à cultura de sigilo apontado pelo RFI que afirma que o Estado não hesita em restringir o acesso a informações de interesse público, Lourenço Lopes assegurou que se for algo realmente sentido pelos profissionais da comunicação, o Governo vai analisar a questão.
“Se é efetivamente algo que é processado, sentido pelos profissionais da comunicação, então essa questão deve ser efetivamente analisada e é isto que seguramente iremos fazer. Com toda a abertura, com toda a humildade, como eu disse, o setor da comunicação social é um setor nevrálgico do sistema democrático. Eu costumo colocar o setor da comunicação social como um setor de soberania e deve ser tratado como tal”, garantiu.
Entretanto, fez referência a algumas iniciativas do Governo para o fortalecimento da profissão jornalística.
O Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro também reconheceu que há questões a serem abordadas, como a autocensura e a necessidade de maior autonomia financeira e formação para os jornalistas, para garantir um ambiente ainda mais favorável para a liberdade de expressão e a qualidade jornalística.
“Quanto maior competências o jornalista tiver, menor é o contexto da autocensura e a questão também da autonomia financeira dos jornalistas são factores importantes no combate à própria autocensura. Mas creio que o quadro geral que nós temos é um quadro favorável e os jornalistas estão incentivados a prosseguir um caminho da liberdade e de expressão de opinião relativamente a qualquer tema da governação ou da sociedade”, disse.
Lopes concluiu a suas declarações reafirmando o compromisso do governo com a liberdade de imprensa e a importância de um sector de comunicação social robusto para o fortalecimento da democracia em Cabo Verde.
Também ressaltou que a construção de um ambiente favorável para o jornalismo de qualidade é uma responsabilidade partilhada por todos os sectores da sociedade.