Declarações feitas à imprensa, em São Vicente, por Luís Fortes, secretário nacional do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e representante dos sete sindicatos dos profissionais de saúde. O sindicalista fala de uma greve inédita com uma adesão que rondou os 90%.
“Pudemos também contar com aqueles que foram requisitados civilmente, porque estavam a trabalhar, mas estiveram com os profissionais de saúde. Foi uma greve inédita, primeiro porque se juntaram sete sindicatos neste processo, depois nunca se fez uma greve com os médicos. Inédita também porque o envolvimento foi extremamente positivo. Agora, durante esses dias tivemos contacto com o governo que se mostrou disponível para voltar à mesa das negociações e determinamos a suspensão da greve”, explica.
O Governo e os profissionais de saúde, representados pelos sete sindicatos, retomam as negociações a partir da próxima terça-feira. Luís Fortes espera ter, à volta da mesma mesa, o ministro das Finanças, Olavo Correia, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Edna Oliveira e a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves. As exigências mantêm-se.
“Queremos ver todos os documentos dos processos dos Planos de Carreiras, Funções e Remunerações publicados de forma completa, para podermos emitir um parecer cabal. Nós queremos os regulamentos que já contam com os nossos contributos, queremos ver a publicação no Boletim Oficial da lista dos técnicos de análise clínica que fizeram o concurso há quatro anos. Temos também o PCFR do INSP que sequer temos a versão zero. Os trabalhadores confiaram nos sindicatos depois da conversa com o Governo, mas estão dispostos a voltar à luta”, avisa.
No debate sobre o estado da Nação, que aconteceu na última quarta-feira, no parlamento, a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, disse que quando há outros interesses dentro de sindicatos fica difícil a negociação, dando como exemplo a alegada presença de ex-dirigente da oposição e médico reformado, a incentivar à greve. O porta-voz dos sindicatos que representam os profissionais de saúde considera que foram declarações infelizes.
“Eu acho que às vezes há intervenções de uma certa forma infelizes, porque nós podemos tirar ilações. Depois de uma greve deste calibre, deste peso, com tantos profissionais envolvidos, temos de questionar se esses profissionais não têm a idoneidade suficiente para não se deixar influenciar pelas políticas partidárias. E dizer que eles foram influenciados é passar um atestado de incompetência de livre pensamento de cada um”, entende.
A greve aconteceu após falta de acordo entre os sindicatos e o Governo sobre o aumento salarial e outros pontos. A paralisação afectou todos os departamentos e serviços de saúde e abrangeu todas as classes profissionais nas diferentes estruturas de saúde do país.