Informação consta do relatório preliminar da Campanha Agrícola 2024/ 2025 apresentado pela equipa de trabalho pluridisciplinar GTP em pareceria com o Comité Interestadual Permanente para Controlo da Seca no Sahel (CILSS) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na quinta-feira, 31, na Cidade da Praia.
Conforme o documento, a produção de milho e feijões duplicou em relação ao ano passado e estima-se uma produção de 4.996 toneladas de milho e 6.140 de feijão.
A nível do escoamento superficial e recarga dos lençóis freáticos, houve também um aumento, o que, segundo o Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), vai proporcionar um aumento de água para a agricultura de regadios.
O relatório também aponta que a situação fitossanitária é estável, com a infestação de gafanhotos limitada à ilha da Boa Vista. O controlo da lagarta-do-cartucho também segue em curso, com a libertação do parasita trichogramma e a pulverização de biopesticidas fornecidos pelo MAA.
“Os principais pontos aqui, a primeira é para dizer que a fluviometria foi muito melhor do que o ano passado, mesmo superior à média dos últimos 20 anos. A produção de grãos praticamente dobrou, com a previsão indicando que a colheita será o dobro em relação ao ano passado, disse à imprensa a directora-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, Eneida Rodrigues.
Boa gestão do pasto e da água
Apesar da boa produção de pasto, a directora-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, apelou aos criadores que façam a sua recolha.
“Já fizemos um apelo aos criadores para que recolham os pastos, pois não adianta deixá-los no campo e depois perdê-los, sendo necessário, no ano seguinte, buscar soluções caso surjam problemas”, recomendou.
Aos agricultores também apelou à gestão da água, depois de “momentos muito críticos” com a diminuição dos lençóis freáticos e da salinização.
“O aumento da salinidade e da condutividade da água em alguns pontos tem sido observado, embora já notemos melhorias em certas áreas, mas temos que fazer uma boa gestão para poder manter uma boa qualidade de água e investir seriamente na cultura de sequeiro, que é uma cultura de rendimento para que os agricultores possam ter um melhor rendimento e também maior produção para a segurança alimentar do país”, lembrou.
Ainda sobre a gestão da água, Eneida Rodrigues referiu que a barragem de Poilão, no concelho de Santa Cruz, esteve desde 2017 sem água, quando antes tinha quase 100 hectares em regadio, que deixou de existir.
“Agora a barragem já está com mais de 50% da sua capacidade e a água continua ainda a entrar na albufeira. Portanto, agora é gerir bem essa água para que os agricultores dessa zona possam ter uma mancha verde que existia há muito tempo nessa área, que desde 2017 não tivemos essa oportunidade de ver”, sustentou.
Nas suas declarações, a responsável lembrou que as barragens não podem estar vazias para a própria segurança da infraestrutura hidráulica.
“A maioria das barragens esteve abaixo do nível técnico em termos de quantidade de água. E nesse momento já estão com água a entrar, nomeadamente na barragem da Faveta. Portanto, agora é produzir, é fazer essa gestão de água para poder ter uma produção. Mas nem sempre quando se vê água numa barragem é porque foi esquecida, mas é porque o nível de água estava abaixo do nível técnico que se possa aproveitar”, concluiu.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1197 de 06 de Novembro de 2024.