Em conferência de imprensa, a presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Maria do Rosário Gonçalves, afirmou que o processo está a decorrer "normalmente", apesar de um pequeno atraso na fase de admissão das candidaturas e de alguns constrangimentos na produção dos boletins de voto, que não afetarão a realização das eleições na data prevista e com a qualidade desejada.
A presidente informou que todas as listas de candidaturas foram admitidas e que já se ultrapassaram os prazos para eventuais recursos. Ao todo, 351.963 eleitores estão inscritos para votar, distribuídos por 1.232 mesas de voto em todo o país. As ilhas de Santiago e São Vicente lideram em número de mesas de voto, com 21,5% e 12,8%, respectivamente.
Em relação às candidaturas, Maria do Rosário destacou uma redução significativa no número de candidaturas independentes, que passaram de 12 em 2020 para apenas 5 em 2024. "O número de forças políticas concorrentes diminuiu em comparação com as eleições de 2020. Este ano, temos 10 forças políticas na corrida, divididas entre 5 partidos e 5 grupos de cidadãos independentes. Esta redução representa uma queda de 37,5% em relação a 2020", explicou.
O MpD e o PAICV apresentarão ambos 22 candidaturas para as Câmaras Municipais e 22 para as Assembleias Municipais. A UCID registou 11 candidaturas para as Câmaras Municipais e 11 para as Assembleias Municipais. O partido PTS apresentou duas candidaturas para a Câmara Municipal e duas para a Assembleia Municipal (Praia e Santa Cruz). O partido PP apresentou três candidaturas apenas para a Assembleia Municipal (Praia, São Domingos e Boa Vista). Candidaturas Independentes – Cinco candidaturas (Mais Soncent Katem Parada, Movimento Autónomo Sãovicentino – MAS, “MI Ê TARRAFAL DE SÃO NICOLAU”, “Santa Catarina Sempre e Acima de Tudo – S-SAT” em Santa Catarina e “Poder das Mulheres e Jovens Resilientes – PMJR” em Ribeira Grande de Santiago).
Quanto à participação feminina nas candidaturas, Maria do Rosário reflectiu que "Das 127 listas admitidas, apenas quatro mulheres lideram listas para as Câmaras Municipais, o que corresponde a 6,4% do total. Para as Assembleias Municipais, 29 listas são lideradas por mulheres, representando 44,9% do total. Este desequilíbrio é algo a ser reflectido. Há uma necessidade clara de promover maior inclusão feminina nas candidaturas a cargos executivos, como as Câmaras Municipais".
A presidente também informou que foram registadas 26 queixas, a maioria provenientes do PAICV (57,69%), seguidas pelo MpD (34,62%) e pela UCID (7,69%). As queixas dizem respeito a "alegadas violações de neutralidade e imparcialidade durante o processo eleitoral".
A CNE apresentou ainda a Unidade de Checagem de Informações Eleitorais, um projecto-piloto da CNE criado para combater a desinformação. A principal missão é garantir que os eleitores tenham acesso a informações verdadeiras e confiáveis, especialmente nas redes sociais, verificando notícias falsas ou distorcidas que possam afetar o processo eleitoral.
A unidade monitorará plataformas online, com especial foco nos candidatos à presidência das câmaras municipais, e realizará verificações sobre informações que circulam nas redes sociais. A unidade também responderá a denúncias enviadas por cidadãos via WhatsApp e redes sociais, utilizando ferramentas para validar a autenticidade de imagens e vídeos, marcando conteúdos como "provavelmente falso" ou "fora de contexto", quando necessário.
A CNE pretende divulgar relatórios diários sobre as verificações e espera que jornalistas possam usar a unidade como fonte de confirmação. O objectivo é expandir a unidade para um centro permanente de monitorização de desinformação durante futuros períodos eleitorais.