“Celebramos hoje uma data marcante da nossa vida colectiva, um momento determinante no processo que culminou na nossa Independência Nacional. Este acordo foi mais do que um simples documento jurídico; foi a consagração da nossa luta, do nosso direito inalienável à autodeterminação. Foi o reconhecimento da coragem e determinação de todos aqueles que, dentro e fora do país, deram o melhor de si para garantir a liberdade e a soberania do nosso povo", disse.
Na ocasião, José Maria Neves fez questão de enaltecer os protagonistas do acordo, tanto do lado cabo-verdiano quanto português.
“Este é um dia de homenagem ao Comandante Pedro Pires, aos diplomatas Amaro da Luz e José Luís Fernandes, que representaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e aos representantes de Portugal, Melo Antunes, Mário Soares e Almeida Santos. Foi graças à sua visão e capacidade de diálogo que este marco histórico foi possível.”
O presidente sublinhou ainda a importância da luta pela independência liderada pelo PAIGC e o papel crucial do acordo na transição para um governo soberano.
“O Acordo de Lisboa reconheceu o direito do povo cabo-verdiano à independência e lançou as bases para a criação do Governo de Transição, que preparou o caminho para a proclamação da nossa soberania a 5 de Julho de 1975.”
O Chefe de Estado apelou à preservação da memória histórica como um pilar para o futuro e um apelo à unidade nacional.
“As novas gerações devem conhecer e apropriar-se deste activo. A memória é o grande activo para que haja futuro, sem prejuízo da diversidade de opiniões e do confronto de ideias que é próprio da democracia. Este é o nosso maior tesouro. Inspirem-se nos ideais dos líderes que tornaram a independência possível. Temos de imaginar um futuro de prosperidade, que só será conseguido com um grande ‘djunta mon’ de todos os cabo-verdianos, dentro e fora do país.”
A cerimónia, que contou com a presença de altas figuras do Estado e da sociedade cabo-verdiana, reforçou o papel do Acordo de Lisboa como símbolo de unidade nacional e marco da luta pela liberdade e soberania.
Também o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, presente a convite do seu homólogo, destacou a importância do Acordo de Lisboa, descrevendo-o como “um passo jurídico decisivo no caminho para a independência de Cabo Verde.”
O presidente da República de Portugal enfatizou a transformação das relações entre os dois países.
“Evocamos hoje um acordo que não foi apenas um momento histórico, mas um ponto de viragem nas relações entre Portugal e Cabo Verde. De uma relação colonial, passámos a uma parceria entre Estados soberanos, ligados pela história, pela língua e por uma cooperação profunda e genuína em áreas como a saúde, a educação, a economia e a segurança.”
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o percurso de Cabo Verde após a independência, “Cabo Verde é, há décadas, um farol de democracia e estabilidade política em África. É um exemplo maior de transição para um quadro constitucional multipartidário e democrático estável.”
O Chefe de Estado português reafirmou o compromisso com a cooperação entre os dois países e concluiu: “Viva Cabo Verde! Vivam os povos e Estados irmãos de Cabo Verde e de Portugal, que hoje celebram este marco com um olhar no futuro, mas com profundo respeito pelo passado que nos une.”