Este aumento está directamente ligado ao crescimento de 21% no número de voos, que totalizaram 5.320 operações ao longo do ano. Os voos internacionais, embora representem apenas 16% do total de voos, foram responsáveis por quase 74% das emissões totais, com 25.605 toneladas de CO₂ geradas, enquanto os voos domésticos emitiram 9.026 toneladas.
O consumo de combustível (Jet A-1) acompanhou a tendência de crescimento, atingindo 13,6 milhões de litros, dos quais 10,1 milhões foram consumidos em voos internacionais.
"A análise dos dados evidencia que o crescimento da actividade aérea, aliado à dependência de combustíveis fósseis, está a intensificar a pegada de carbono do sector", alerta o relatório.
Em linha com metas internacionais
Cabo Verde ainda não aderiu voluntariamente ao CORSIA – o plano de compensação e redução de emissões de carbono da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) – mas tem cumprido com o envio regular de dados sobre emissões, conforme os requisitos internacionais.
Foi também elaborado um Plano de Acção para a Redução de Emissões (SAP), que prevê 15 medidas de mitigação, incluindo melhorias na gestão aeroportuária e da navegação aérea. A implementação total desse plano poderá permitir uma redução de 139,9 toneladas de CO₂.
Embora Cabo Verde tenha previsto a adopção de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) na sua estratégia de desenvolvimento de baixo carbono até 2050 (LT-LEDS), o documento encontra-se ainda pendente de aprovação pelo Conselho de Ministros. A meta é atingir 63% de uso de SAF até 2050, em linha com os compromissos da União Europeia.
Contudo, a implementação enfrenta obstáculos, como o alto custo do SAF, a escassez de matérias-primas sustentáveis e a falta de investimentos robustos.
Eficiência e desafios futuros
A eficiência no consumo de combustível variou ao longo do ano. Em voos internacionais, a eficiência média foi de 0,285 L/tkm, enquanto os voos domésticos registaram uma média de 0,656 L/tkm, reflectindo maior consumo por tonelada-quilómetro percorrida nos trajectos internos.
Os meses com maior emissão de CO₂ foram Agosto e Dezembro, com mais de 4.000 toneladas mensais. A TACV foi responsável por praticamente todas as emissões, após o encerramento das actividades da TICV em Fevereiro.
O relatório destaca a urgência de se adoptarem medidas estruturais para conter o crescimento das emissões no sector da aviação civil.
A AAC defende a continuidade na monitorização rigorosa e o investimento em soluções sustentáveis para garantir que Cabo Verde avance rumo a um modelo de transporte aéreo mais verde.
“É essencial adoptar medidas de mitigação eficazes e investir em tecnologias mais limpas para reduzir a contribuição do sector aéreo às mudanças climáticas”, conclui o relatório da AAC.