Psicóloga do ICCA defende educação sexual precoce e alerta para crimes sexuais sem contacto físico

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,3 jul 2025 7:27

​A psicóloga do ICCA Aliana Carvalho alertou esta quarta-feira que muitos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes continuam a não ser reconhecidos como crime pela sociedade cabo-verdiana, sobretudo quando não envolvem contacto físico directo.

Falando na formação do Módulo 2 sobre violência sexual, Aliana Carvalho destacou que práticas como exibicionismo, envio de conteúdos sexuais (sexting) e abordagens online são frequentemente desvalorizadas ou relativizadas.

“Há uma percepção muito errada de que só há crime se houver penetração ou contacto físico. Isso faz com que muitas situações graves não sejam denunciadas nem recebam atenção”, explicou, defendendo um trabalho contínuo de sensibilização e esclarecimento.

A psicóloga sublinhou que, paralelamente à informação dirigida aos adultos, é essencial investir na educação das próprias crianças, preparando-as para reconhecer situações de risco e terem capacidade de se proteger.

“É importante que desde pequenas elas saibam nomear as partes íntimas e tenham consciência de que ninguém pode tocar nelas. Precisamos trabalhar com abertura e sem tabu”, reforçou.

Dados do Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA) apontam que a maioria das vítimas acompanhadas tem entre 13 e 16 anos, faixa etária particularmente exposta também a crimes virtuais.

Para a psicóloga, a formação de líderes comunitários é uma das principais ferramentas para chegar às famílias e ajudar a mudar mentalidades.

“Eles conhecem a sua gente e podem comunicar de forma simples, adaptada a cada realidade. É assim que podemos chegar mais longe”, disse.

Por seu turno, o presidente da associação Donu Nha Destinu, Admilson Mendes, evidenciou que os líderes comunitários são os primeiros a intervir em casos de risco e defendeu que é urgente capacitar essas figuras com ferramentas adequadas.

O responsável alertou ainda que a realidade nas comunidades exige acções permanentes e adaptadas ao contexto local, apelando ao compromisso coletivo para pôr fim à “vergonha” da violência sexual contra menores.

Os locais de agressão concentram-se, principalmente, no ambiente familiar, cerca de 34 %, seguidos por pessoas próximas, como vizinhos ou cuidadores, contabilizando uma percentagem de 32%, segundo dados do ICCA.

As denúncias de crimes sexuais contra menores cresceram 23% entre 2021 e 2024, de acordo com o relatório do Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA) e do Ministério Público. 

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,3 jul 2025 7:27

Editado porSara Almeida  em  3 jul 2025 12:53

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