Tráfico de pessoas em Cabo Verde não se vê nos números, mas existe

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,14 jul 2025 15:23

​A presidente do Observatório Nacional do Tráfico de Pessoas alertou hoje que Cabo Verde, embora as estatísticas oficiais não o reflitam cabalmente, enfrenta a realidade do tráfico de pessoas, disfarçado sob as formas de turismo sexual e prostituição.

Elisa Fontes fez esta afirmação em declarações à imprensa à margem de uma campanha de sensibilização iniciada hoje, na rua Pedonal do Platô, cidade da Praia, no âmbito do Dia Mundial da Luta contra o Tráfico de Pessoas, que se celebra a 30 de Julho.

“Não podemos ir só pelos dados oficiais, o que deixa muito aquém. Inclusive houve um estudo que diz que há a necessidade de se capacitar mais os profissionais e, também, toda a população.

Questionada sobre os casos de desaparecimento no arquipélago, a presidente do Observatório Nacional do Tráfico de Pessoas (ONTP) realçou que esses casos não podem ser classificados como sendo tráfico de pessoas, porque o crime de tráfico é muito mais complexo.

"O grande objectivo do tráfico de pessoas é sempre a exploração. Antes disso vem a acção que pode ser recrutamento, o transporte de pessoas, através de vários meios como engano, fraude, rapto, e depois a finalidade que é a exploração", detalhou, alertando que a comprovação do crime exige provas de pelo menos um elemento de cada uma das categorias.

Nesse sentido, Elisa Fontes precisou que os casos de pessoas desaparecidas, sem desfecho, não podem integrar as estatísticas de tráfico humano. A título de exemplo, apontou que entre 2016 e 2024, registaram-se 13 casos de desaparecimento, com uma única denúncia em 2025.

“Esses dados ainda precisam de trabalho de todos os actores chaves para melhor identificar os casos, e também uma sensibilização da população de forma a termos os dados mais fidedignos com aquilo que é a realidade”, frisou, salientando que o ONTP disponibiliza uma linha de denúncia anónima, 800 52 15, para reportar casos de tráfico humano.

O Observatório, que conta com a participação de 16 entidades – incluindo o Ministério da Justiça, Polícia Judiciária, Polícia Nacional, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, ICA e ICIEG –, actua na prevenção desta prática.

A campanha do ONTP, lançada hoje com uma sessão de informações na cidade da Praia para aferir o nível de conhecimento da população sobre o tema, prosseguirá com uma mesa de reflexão em São Vicente (21 de Julho) e duas marchas na ilha do Sal (26 de Julho – Santa Maria e Espargos).

Para 28 de Julho está prevista uma marcha na cidade da Assomada, e no dia 24, uma exibição de documentários relacionados com a temática, no Centro Cultural Português.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,14 jul 2025 15:23

Editado porSara Almeida  em  15 jul 2025 8:01

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