Marcelo Rebelo de Sousa falava na Sessão Solene de Abertura da XII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Santa Maria, na ilha do Sal, em que a única mulher presente é a secretária executiva cessante desta organização, a são-tomense Maria do Carmo Silveira.
Expressando um "optimismo realista e exigente, virado para o futuro" em relação à CPLP, o chefe de Estado português declarou: "Temos e podemos fazer ainda mais e melhor, ainda melhor. Olhar mais para as pessoas, para o seu estatuto, para os seus problemas concretos. Olhar mais para as sociedades civis e menos para os políticos e para o seu mundo próprio".
"Olhar mais para o reforço do papel da mulher nas nossas sociedades. Olhar mais para os jovens, porque quem poderá dar vida à nossa comunidade, como aos nossos Estados, são eles. Não somos muitos de nós, certamente cheios de juventude de pensamento, mas mais perto do outono ou até do inverno do que das promessas da primavera", prosseguiu.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso também "olhar mais para educação, a qualificação, a ciência, a inovação", bem como "para a mobilidade pessoal, social, económica, empresarial e financeira" e "para o ambiente, as alterações climáticas, a qualidade de vida, os compromissos intergeracionais".
"Olhar mais para os oceanos e as plataformas continentais, que nos ligam e onde temos posições estratégicas essenciais. Tão essenciais, que estão a ser constantemente acompanhadas por outros, como por exemplo os Estados Unidos da América, a República Popular da China e até, mais esbatidamente, a Federação Russa", acrescentou.
No que respeita à língua e à cultura, o Presidente português advogou que a CPLP deve valorizar o que é comum e o que é diverso, "sem a obsessão de resumir a comunidade a uma mera expressão linguística", mas tendo "a consciência de que esse é um trunfo" no quadro global.
"E, como todos os trunfos de que se dispõe, é um erro primário desperdiçá-lo ou desconsidera-lo", considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa encerrou o seu discurso declarando que, mais ainda do que há dois anos, na cimeira de Brasília, acredita na CPLP: "Porque acredito na razão do óbvio, na força do evidente, na imparável dinâmica das pessoas, no apelo do contexto em que nos movemos, no poder que, nesse contexto, está ao nosso alcance".
"Que à estratégia de Brasília se some agora o espírito do Sal, o vigor do oceano e também a nossa vontade: a vontade de não desiludirmos centenas de milhões de compatriotas", apelou.