Como está sendo assinalado o Dia do Município?
O Dia do Município está sendo assinalado com várias actividades de cariz social, cultural e desportivo, mas também com lançamentos de novos investimentos, na requalificação urbana e ambiental com destaque para a requalificação da orla marítima na Cidade da Calheta. É a maior obra que nós vamos edificar neste mandato. Mas o Dia do Município será também assinalado com inaugurações de equipamentos sociais que a câmara irá colocar à disposição dos munícipes e dos visitantes. Vamos assinalar o 22º aniversário do município sob o signo de um município em crescimento, de um município que valoriza a vertente cultural, valoriza os talentos, valoriza a sua classe empresarial, mas também a classe académica bem como todos os sectores produtivos do município. Estamos a celebrar o 22º aniversário, sob o auspício de um município cada vez mais dinâmico, um município que está a transformar-se aos olhos de todos. Basta entrarmos pelo município de Santa Catarina, em Flamengos, notamos a transformação que o município está a viver. Entrando também pelo município de Santa Cruz, na parte Sul, notamos a transformação que está em curso com as obras da qualificação da cidade que tem dado grande contributo para a qualificação deste território. É visível todo o investimento que a edilidade tem feito. Entrando também pelo município do Tarrafal constata-se logo a mudança que nós operamos nos últimos anos no município e que se tem traduzido na melhoria da qualidade de vida dos nossos munícipes, no aumento da competitividade deste concelho com destaque para o comércio local, o ambiente, os espaços verdes, as acessibilidades, a melhoria dos transportes públicos, os equipamentos sociais e unidades sanitárias de base, o alargamento do acesso às tecnologias de informação e comunicação com a criação de novos espaços destinados à oferta de serviços ligados à cultura e à juventude.
São Miguel continua a ser um dos municípios mais pobres do país. Que projectos tem a câmara para a inclusão social dos mais carenciados?
A câmara municipal tem projectos de inclusão social, por exemplo os direccionados para o empoderamento das mulheres do concelho. Destacamos neste caso o projecto de inclusão económica das mulheres da Ribeira de São Miguel que tem três componentes importantes que são o acesso à terra, à mobilização da água e ao uso das novas tecnologias na produção. É um projecto que já está na sua terceira fase e que está a garantir emprego directo a 47 mulheres, mas que beneficia cerca de 557 mulheres no concelho.
Que investimentos tem a câmara municipal conseguido atrair para o concelho?
Gostaria de destacar neste domínio a alteração de investimentos externos aqui no município. Brevemente irá arrancar a construção de uma central fotovoltaica que irá produzir cerca 11,4 megawatts de energia solar para introduzir na rede pública da Electra. A capacidade a ser instalada produzirá energia que é superior ao consumo que nós temos aqui na região de Santiago-Norte. Ou seja, vamos produzir energia e exportar para a Praia. Isto é uma grande inovação ao nível da promoção da economia verde, um investimento que irá criar aqui no município uma grande centralidade na área das energias. São Miguel é um município com vocação redistribuidora por excelência dada a sua vantagem competitiva que é oferecida pela sua localização e estamos seguros de que com este investimento nas energias renováveis, mais os investimentos que vão arrancar no domínio da produção de água, porque nós vamos receber um outro grande investimento na produção da água com a instalação de uma central dessanalizadora aqui em São Miguel que irá produzir cerca de 15 mil metros cúbicos diários de água para redistribuir aos seis concelhos da região. Gostaria ainda de destacar também o investimento privado de nacionais. Os investimentos estão a despontar e o município está a crescer tanto no sector da imobiliária, no turismo, com novos alojamentos. Destacaria, por exemplo, investimentos no interior do concelho, na Ribeira Principal, no turismo rural, mas também está em curso na localidade de Gongom um outro empreendimento que brevemente irá entrar em funcionamento. Aqui na cidade novos empreendimentos nasceram e todos esses investimentos estão a gerar novos postos de trabalho para as pessoas aqui no concelho.
A Cidade da Calheta tem hoje uma cara mais actrativa. É um activo para atrair novos investimentos?
De facto, operamos uma grande mudança e hoje temos uma nova cidade. As obras de asfaltagem e de requalificação da Calheta deram um novo visual à nossa cidade. Hoje temos uma cidade em condições de receber mais investimentos, mas sobretudo para garantir maior qualidade de vida para quem vive e trabalha aqui. Destacaria também investimentos que nós fizemos no domínio da Cultura e das Artes. Hoje temos uma Casa das Artes no Município que tem recebido eventos todos os meses, nomeadamente exposições, lançamento de livros e formação para jovens. Enfim, um conjunto de iniciativas que tem criado novas oportunidades para a juventude, para os nossos talentos e para os homens e mulheres da cultura. Queria também destacar a nova centralidade que o centro histórico do Porto da Calheta trouxe à nossa cidade. Hoje temos um espaço aprazível para o comércio, para o lazer e para novos investimentos. Enfim, para um conjunto de actividades também ligadas ao turismo e que tem permitido transformar este município que outrora era um espaço de passagem num município de paragem dos visitantes para consumir os produtos locais e hoje é visível que os operadores turísticos locais estão a investir cada vez mais no sentido de tirarem o máximo proveito da melhoria do ambiente de negócios que se regista no município. Todos estes investimentos visam claramente tornar este município mais competitivo, mais actrativo, mais seguro, mais saudável e um município educador. Estamos a implementar várias medidas tendentes ao cumprimento do Código de Posturas Municipais, porque hoje somos um município que possui um terminal de transportes rodoviários, já temos uma frota de táxis a funcionar e temos também os transportes públicos urbanos. Em Cabo Verde apenas três municípios possuem estes serviços: Praia, São Vicente e agora São Miguel. Portanto, São Miguel tem todas as razões para sorrir, neste momento em que nós assinalamos o 22º aniversário do município sob os auspícios de um município cada vez mais forte e mais dinâmico que está a crescer e a crescer com solidariedade, com inclusão social, mas também a crescer com uma preocupação forte com as questões ambientais, porque estamos a trabalhar para cumprir todos os objectivos do desenvolvimento sustentável. Embora não haja ainda dados concretos relativamente à evolução da pobreza em Cabo Verde, as previsões que nós temos dizem que estamos no bom caminho e que as políticas públicas que nós traçamos e as estratégias que adoptamos estão a surtir efeito e nós estamos a sentir isso. Portanto, São Miguel de hoje não é São Miguel de há três anos.
Quais são as prioridades da autarquia para a juventude micaelense?
Seguramente formação e emprego. Nós entendemos que os jovens têm uma aspiração que é legítima: ter autonomia e garantir a sua afirmação pessoal e profissional. Para que isso aconteça é preciso que o jovem tenha a possibilidade de ter uma formação e ter acesso a um emprego quando terminar a sua formação. Portanto, a nossa prioridade para os jovens é a formação e o emprego. Para garantir isso, temos políticas direccionadas em parceria com o governo que permitem que os nossos jovens possam ascender socialmente através desses mecanismos. Por exemplo, São Miguel viu aumentar o número de bolsas de estudo para o ensino superior no país. Só no ano lectivo de 2018/19 trinta e sete jovens do concelho foram beneficiados com bolsas do governo. A câmara deu suporte a mais de uma centena de jovens que frequentam o ensino superior com pagamento das dívidas em atraso, com apoio nos transportes, mas também com subsídios que a câmara atribui mensalmente para custear as despesas com alimentação. Em relação à formação profissional, foram centenas de jovens que receberam incentivos para formação profissional tanto as realizadas aqui no concelho, como nos centros de formação profissional em Pedra Badejo, no Centro de Capacitação, em São Lourenço dos Órgãos, na Assomada e na Escola de Hotelaria e Turismo, na Praia e no CERMI. Enfim, estes apoios têm permitido a inclusão social desses jovens. Igualmente a autarquia disponibilizou estágios curriculares e profissionais para os jovens. Por exemplo, só durante o ano de 2019 a câmara municipal já recebeu mais de 32 estagiários que estão colocados em diversos pelouros e apartamentos do município e que estão a ter oportunidade de treinamento e ao mesmo tempo de aceder a um rendimento. A nossa prioridade para a juventude é formação e o emprego. Nós entendemos que o caminho é este porque é preciso apostar cada vez mais numa formação de qualidade, porque tendo uma formação de qualidade estamos a criar as condições para os nossos jovens poderem competir à escala global e terem oportunidade de entrarem com maior facilidade no mercado de trabalho. Mas para que isso aconteça é necessário que haja uma maior dinâmica a nível da economia local. Temos hoje jovens bem formados, mas que só vão encontrar oportunidade de emprego se houver mais investimentos privados, porque o sector público não tem vocação para criação de emprego. Por isso a câmara municipal vai continuar a criar condições para atrair mais investimentos para o concelho para permitir que os nossos jovens tenham maior integração no mercado de trabalho. Portanto, estamos a apostar fortemente na formação dos jovens porque é preciso continuar a investir e a investir muito mais nesta área. A título informativo nós temos em São Miguel cerca de 750 jovens que concluíram o ensino secundário, mas não estão em nenhum estabelecimento de formação, nem superior, nem profissional. Nós demos combate a este fenómeno e hoje temos muitos desses jovens que já estão abrangidos por um sistema de formação profissional. Temos cerca de 230 jovens que não possuem o oitavo ano e que estão fora de todo o sistema, eu diria excluídos, e temos cerca de 39 jovens licenciados que desde o ano passado estavam no desemprego. Desses 39, 32 conseguiram um estágio profissional na câmara e alguns já conseguiram emprego. Enfim, isso demostra que a economia cabo-verdiana está a criar emprego, está a criar oportunidades e os jovens de São Miguel estão a sentir os efeitos desse crescimento com a sua integração no mercado de trabalho.
Disse o ano passado a este jornal que precisava de mais um mandato para concretizar a sua visão para São Miguel. Mantém esta bitola?
Eu acredito que eu e a minha equipa precisamos de mais um mandato para podermos concretizar o plano estratégico para o desenvolvimento do município que está neste momento da sua fase de diagnóstico, porque a transição de um município subdesenvolvido para um município desenvolvido demora no mínimo dez anos. Por isso o nosso engajamento foi sempre para um horizonte de 10 anos. Nós estamos motivados e estamos disponíveis para a população de São Miguel e também para o nosso partido, o MpD, em realizar mais um mandato, porque em quatro anos não é possível concretizar projectos estruturantes nem esses projectos poderão produzir os efeitos que nós desejamos sobretudo na melhoria do ambiente de negócios e da qualidade de vida das nossas populações.