"Estou aqui para dizer-vos que sou candidato a Presidente da República", começou por dizer, esta manhã, José Maria Neves em conferência de imprensa.
Para o agora candidato "Cabo Verde só é possível na sua dimensão transnacional incluindo as comunidades insulares e as comunidades da diáspora".
"Vivemos tempos difíceis e exigentes. Esta pandemia que ainda nos atormenta e não sabemos quando termina tem-nos mostrado quão vulneráveis somos. É enorme o seu impacto nas nossas vidas", lembrou o antigo primeiro-ministro que nomeou "a perda de empregos, a destruição de empresas, o aumento da pobreza e das desigualdades" como "fenómenos que provocam devastação social, económica e sanitária".
Depois de cinco anos fora da vida política activa José Maria Neves quer "pôr a experiência na política, na governação e na academia ao serviço da República, pretendo ser não apenas um bom árbitro – conheço bem as regras do jogo -, mas também um dinamizador de novos processos políticos, abrir espaços de participação à todos, uma instância moral, um traço de união, um provedor das liberdades, da democracia e do Estado de Direito, um promotor do meu país no mundo e um catalisador de dinâmicas sociais orientadas para um crescimento inclusivo e ambientalmente sustentável".
Quanto à decisão de avançar com a candidatura, José Maria Neves explicou que esta foi tomada depois de "uma enorme reflexão e grande partilha entre o candidato, ou pré-candidato, e personalidades da sociedade civil, partidos políticos, sindicatos e diferentes organizações da sociedade civil. Levei este tempo a reflectir e, neste mês de Março, decidi candidatar-me".
Sobre um possível apoio do PAICV o antigo Primeiro-ministro defendeu que "as candidaturas presidenciais são todas elas candidaturas cidadãs, da sociedade civil. Todas as candidaturas presidenciais, nos termos da Constituição, são supra-partidárias protagonizadas por grupos de cidadãos e o Presidente da República deve colocar-se acima dos partidos para poder ser árbitro e moderador do sistema político".
Durante o discurso José Maria Neves que é "preciso também despartidarizar o espaço público", uma ideia que sempre defendeu enquanto Primeiro-ministro e que José Maria Neves veio agora recuperar. Questionado sobre este tema recordou que em 2015 foi aprovada uma legislação para despartidarizar a administração pública. "Criámos uma agência independente para a promoção de concursos e avaliação dos funcionários públicos. A lei foi discutida no último trimestre de 2015, foi aprovada e publicada após promulgação pelo Presidente da República em Março de 2016. Infelizmente, a nova maioria logo que assumiu revogou esta lei", concluiu.