“Tanto no passado como nestas eleições presidenciais, José Maria Neves tem vigorosa e sistematicamente insurgido contra a prática de compra de votos e de consciências, por entender se tratar de uma grosseira perversão da democracia. Nenhum político em Cabo Verde tem-se pronunciado tanto como José Maria Neves sobre essa matéria desde 2001, sempre numa postura de condenação veemente”, começa por dizer o comunicado daquela candidatura.
Conforme a mesma fonte, na apresentação pública da candidatura, o discurso de José Maria Neves “foi o mesmo de sempre”. De condenação clara e inequívoca.
Assim, o documento justifica que o candidato condenou o recurso de certos políticos a essa prática perniciosa ao dizer: "ainda tem txeu políticos sem escrúpulos qui ta explora vulnerabilidade das pessoas em vésperas das eleições" ("ainda tem muitos políticos sem escrúpulos que exploram a vulnerabilidade das pessoas em vésperas das eleições").
O comunicado refere ainda que José Maria Neves falou do cadastro social que, no seu entender, “toda a gente sabe, foi utilizado nas últimas eleições legislativas, e está também a ser utilizado nestas eleições presidenciais, para fazer chantagem e condicionar o sentido do voto das pessoas”.
“Sendo que o dinheiro do cadastro social é do Estado, portanto dos cabo-verdianos, disse então José Maria Neves, citação: '….ami nca ta fla ninguém pa ka toma, porque dinhero ka é dado. É riqueza di nos tudo, é património de Cabo Verde" ("eu nunca digo a ninguém para não tomar, porque o dinheiro não é dado, é riqueza de nos todos, é património de Cabo Verde", lê-se.
Entretanto, a candidatura defende que José Maria Neves advertiu, para não se deixarem influenciar ao dizer,'...nu vota lá na undi nòs coraçon sa ta bati más forti" ("... vota onde o teu coração bate mais forte").
Neste sentido, a mesma fonte acusa quem apresentou a queixa de ter isolado algumas frases do contexto geral do discurso “numa clara tentativa de manipulação” e dai “retirar eventuais dividendos políticos”.
“A Deliberação da CNE não condena ninguém, nem deu razão a ninguém, ao contrário do que se quer fazer crer. Emite apenas uma recomendação. E que um certo candidato, sentindo a dinâmica de vitória da candidatura de José Maria Neves, tem sistematicamente recorrido a esses atos de desespero, socorrendo-se de manipulações e calunias”, refere.