“A actuação dos deputados deve constituir-se em modelo de comportamento para a população”

PorZilda Oliveira,31 dez 2022 8:59

Zilda Oliveira, Deputada da Nação (UCID)
Zilda Oliveira, Deputada da Nação (UCID)

​Das 20 sessões plenárias realizadas em 2022, em 14 delas a Assembleia Nacional funcionou com 71 deputados, em virtude de um dos seus deputados em exercício de funções estar preso preventivamente, fora do flagrante delito, contrariando a Constituição da República de Cabo Verde, e criando espaço para questionamentos acerca da atuação deste órgão neste processo bem como da efetivação do princípio da separação de poderes. Vale ressaltar que esse deputado representa cerca de 5 mil cabo-verdianos e cabo-verdianas.

Quanto à atividade legislativa, a maior parte das propostas apresentadas foram da iniciativa do poder executivo, tendo sido algumas retiradas por solicitação deste, condicionando por vezes o tempo de trabalho no Plenário. Em virtude do cenário desafiador, boa parte das normas versaram sobre a saúde, o meio ambiente, a segurança, a proteção aos direitos de grupos vulneráveis, aprovados ora em base a consensos, ora a dissensos, sobrepondo-se sempre a lógica da maioria.

A fiscalização da atividade do Governo ocorreu através de diferentes instrumentos políticos e regimentais, destacando-se os debates em Plenário com o Primeiro-Ministro e Ministros, as audições em Comissões Especializadas de membros do Governo e outras entidades e as Comissões Parlamentar de Inquérito, como sendo as mais produtivas, embora, ainda muito condicionados pelo passadismo e por crispações e fulanizações desnecessárias, o que acaba sendo o principal motivo por que muitos cidadãos não seguem as sessões plenárias.

Do nosso ponto de vista, todos os deputados, com os seus valores e ideologias, devem cumprir o papel de parlamentar com o único sentimento de transformar a vida das pessoas para melhor, despindo-se sempre das vendas políticas e norteando os posicionamentos a favor do bem comum e da elevação dos valores morais e sociais.

Entendemos que o Parlamento, enquanto legislador, deve pautar a sua atuação com base numa visão de futuro que deverá ser definida a partir de um direcionamento estratégico, almejando ser reconhecido como “o poder do cidadão”. A atuação dos deputados deve se constituir em modelo de comportamento para a população, pensamos que é isso o que se espera de nós.

Para 2023, fazemos voto que aos deputados seja facilitado o acesso às informações e documentos de que necessitem, visando uma maior e mais efetiva fiscalização dos atos governativos e que se eleve a qualidade do debate, que deve decorrer com assertividade e centrado em ideias e propostas, por forma a contribuir para uma imagem de excelência do Parlamento e dos Deputados. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1100 de 28 de Dezembro de 2022.

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Autoria:Zilda Oliveira,31 dez 2022 8:59

Editado porAndre Amaral  em  2 jan 2023 9:59

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