PM defende medidas imediatas e concretas para inverter quadro “preocupante” de insegurança alimentar na região africana

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,5 dez 2023 14:27

O primeiro-ministro defendeu hoje a necessidade da adopção de medidas concretas e imediatas de médio e longo prazo, visando inverter o quadro “preocupante” e “desolador” de insegurança alimentar na região do Sahel e da África Ocidental.

Ulisses Correia e Silva fez estas afirmações durante o seu discurso na cerimónia de abertura da 39ª reunião da Rede de Prevenção de Crises Alimentares (RPCA), realizada esta manhã, no Campus da Universidade de Cabo Verde.

Segundo o chefe do Governo, a Rede de Prevenção das Crises Alimentares (RPCA) constitui uma plataforma privilegiada de concertação e de coordenação das intervenções no domínio da prevenção da segurança alimentar e nutricional na nossa região do Sahel e da África Ocidental.

Salientou que a referida reunião acontece num contexto agravado de insegurança alimentar decorrente das graves crises provocadas pela pandemia da covid-19 e pela escalada inflacionista derivada da guerra na Ucrânia, realçando que o reforço da resiliência e a redução de vulnerabilidades sanitárias, ambientais e climáticas ganham cada vez mais relevância como condição para o desenvolvimento sustentável.

“As crises têm cada vez mais impactos globais, atingem de forma mais grave os países menos desenvolvidos. É assim nas pandemias, nas mudanças climáticas e nas guerras. Fenómenos como a pobreza extrema, a fome e a insegurança tendem a extravasar as fronteiras dos países para provocarem tensões regionais e transnacionais através de migrações massivas”, asseverou.

Ulisses Correia e Silva considerou que o reforço dos sistemas alimentares e a sua adaptação e resiliência aos efeitos das mudanças climáticas e aos choques externos devem estar na linha da frente dos compromissos e das responsabilidades internas.

Destacou a forma clara como Cabo Verde se posicionou neste contexto, abraçando o desafio de criar as condições para o desenvolvimento da sua capacidade de resiliência ambiental, gerir as vulnerabilidades dos seus sistemas agro-alimentares, tornando-os mais resistentes aos choques externos e internos.

“Até 2030 deveremos alcançar mais de 50 por cento (%) de produção de electricidade através de energias renováveis e mais de 25% da frota de automóveis constituída por veículos eléctricos. Definimos como objectivo diversificar as fontes de irrigação para viabilizar a agricultura com recurso à dessalinização, reutilização segura das águas residuais, massificação da rega gota-a-gota e com o reforço do nexo entre a água e as energias renováveis”, reiterou.

Apontou os avanços registados em matéria de governança da segurança alimentar e nutricional com a adopção de várias medidas e iniciativas visando reduzir a desnutrição crónica e aguda e a anemia infantil, para mitigar impactos inflacionistas externos sobre produtos alimentares de primeira necessidade e garantir a segurança alimentar.

Indicou, por outro lado, que entre 2015 e 2023, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional nos países que constituem o Sahel e na África Ocidental passou de 4,7 milhões para 42,5 milhões de pessoas, nove vezes mais.

“O quadro é ainda mais preocupante e desolador quando 90% das 12 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição aguda e mais de um milhão de mulheres grávidas e lactantes estavam agudamente desnutridas em 2022. A situação é dramática, não deve ser normalizada e nem tratada como uma fatalidade. São pessoas, vidas concretas que estão atrás desses números”, alertou.

Ulisses Correia e Silva defendeu que é preciso encontrar soluções imediatas, considerando que este contexto difícil exige um forte comprometimento dos governos nacionais e dos parceiros internacionais.

“Para além das medidas imediatas e concretas decorrentes da situação actual, é fundamental identificar e implementar medidas de alcance de médio e longo prazos que conduzam a uma maior produção, melhor nutrição, ambiente mais saudável e maior bem-estar das populações em toda a região. Em nome da dignidade humana, temos de demonstrar que juntos somos mais fortes”, concluiu.

Criada em 1984, por iniciativa dos países membros e parceiros do CILSS e do Clube do Sahel, a Rede de Prevenção das Crises Alimentares no Sahel e na África Ocidental é uma plataforma internacional de consulta e coordenação da situação alimentar e nutricional da região.

Sob a liderança política das comissões da CEDEAO e do UEMOA, a rede reúne mais de uma centena de membros, incluindo os estados membros da CEDEAO, CILSS, UEMOA, a Áustria, a Bélgica, o Canadá, os Estados Unidos, a França, o Luxemburgo, a Holanda, a Suíça e a União Europeia, esta última como parceiro estratégico do Clube. O Banco Mundial, a União Africana e a ROPPA participam como observadores.

Co-organizada pelo Secretariado Executivo do CILSS e pelo Secretariado do Clube do Sahel e da África Ocidental (CSAO/OCDE), sob os auspícios das Comissões da CEDEAO e do UEMOA, a rede reúne-se ordinariamente duas vezes por ano, nos meses de Abril e Dezembro.

Estas reuniões têm como objectivo analisar e avaliar a situação alimentar e nutricional na região, fornecer aos decisores instrumentos cruciais para a tomada de decisão, promover o diálogo político e coordenar as intervenções necessárias para mitigar as situações de crise alimentar na sub-região.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,5 dez 2023 14:27

Editado porAndre Amaral  em  6 dez 2023 8:15

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