“O caos tem o seu momento de localização muito clara e tem os seus responsáveis", os mesmos que o criaram e que "hoje falam de caos nos transportes”, afirmou o líder do Governo, dois dias depois de o chefe de Estado ter afirmado que a situação dos transportes aéreos no país é "caótica" e tem prejudicado o país.
A declaração de José Maria Neves, que liderou um Governo do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), foi feita um dia antes de a companhia aérea angolana BestFly anunciar que vai deixar a concessão de voos interilhas em Cabo Verde.
Numa intervenção no parlamento, no arranque do debate sobre a descentralização e desenvolvimento local, o PM reconheceu que os transportes “continuam a ser um constrangimento do desenvolvimento regional”, mas insistiu que a situação era pior até 2016, quando assumiu a governação do país, agora suportada pelo Movimento para a Democracia (MpD), partido de que também é presidente.
Correia e Silva disse que havia “aviões arrestados”, a Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), companhia estatal, estava “em falência, e havia “navios obsoletos”, a “naufragarem de uma forma permanente” e “sem capacidade operacional”.
O primeiro-ministro garantiu que o Governo vai “vencer o combate” dos transportes aéreos e marítimos em Cabo Verde e, para isso, pediu “tranquilidade e confiança” e que “não se lance gasolina” sobre o assunto.
“Considero fundamental que as autoridades competentes deem uma satisfação, tendo em atenção a gravidade, que põe em causa não só a economia nacional, mas também a própria segurança nacional", afirmou José Maria Neves na segunda-feira, face ao cancelamento de voos domésticos.
Sobre a saída da BestFly, o primeiro-ministro explicou que a companhia tinha dois aparelhos com problemas operacionais e tentou introduzir outro, que não foi autorizado pela Agência de Aviação Civil (AAC), que suspendeu o certificado de operador aéreo.
Ulisses Correia e Silva garantiu que os direitos dos passageiros serão salvaguardados, podendo viajar na TACV, que actualmente assegura as ligações interilhas.
Na terça-feira, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, disse que, por ser accionista em 30% da Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV), o Estado “tem uma voz” e vai falar com os outros accionistas para se inteirar de todos os meandros da decisão.
Carlos Santos pediu “desculpas e paciência” aos passageiros “por todos os problemas”, e lembrou que o país está numa fase de transição, em que o objectivo é criar uma empresa que se vai dedicar aos transportes domésticos.