“É preciso ter noção dos limites. Entendo a acção corporativa dos sindicatos, mas os professores devem entender o lado do Governo, que está a defender o resto do país”, referiu Ulisses Correia e Silva, ao discursar numa cerimónia para assinalar o arranque do ano lectivo 2024/25, em São Lourenço dos Órgãos, ilha de Santiago.
O primeiro-ministro voltou a referir que o Governo tem uma despesa adicional de cerca de 800 milhões de escudos anuais com a valorização das carreiras já feita nos últimos anos, em diálogo com os sindicatos.
Atender aos pedidos de todos os sectores que dependem do Estado “é mais difícil para o lado do Governo: este equilíbrio tem de ser feito entre várias coisas”, justificou.
“Do lado do sindicato é uma única via, é reivindicar e, às vezes, sem noção da responsabilidade, tenho de dizer isto. Não estou a falar de todos [os sindicatos], mas alguns ultrapassam os limites da responsabilidade e não interessa se deixam isto rebentar tudo. Do nosso lado, não vamos deixar, porque defendemos interesses gerais, comuns, que não são corporativos”, acrescentou.
Ulisses Correia e Silva classificou como “importante” que “não se submeta um sector tão importante como a educação, quer a interesses corporativos, quer a interesses políticos”.
“O bolo não cresce conforme a nossa vontade”, são necessários recursos, disse também no mesmo discurso.
O líder do Governo deu um exemplo dos dilemas que se colocam: “Se eu introduzo despesa além daquilo que é possível na administração pública, isso provoca duas coisas: ou vamos estar disponíveis para aumentar impostos - e ninguém quer pagar, quanto mais aumentar - ou vamos aumentar a dívida pública futura, com mais problemas para o país”.
“Se tiro uma parte grande para um sector, vai faltar para outro. Qual a parte que vai ficar de fora?”, questionou.
O Sindicato Democrático dos Professores (Sindprof) e o Sindicato Nacional dos Professores (Sindep) formalizaram um pré-aviso de greve para quinta e sexta-feira, mas há ainda negociações em curso.
Entretanto, a lei da carreira dos professores que estabelece aumentos salariais a partir de 01 de Janeiro de 2025 vai voltar a ser submetida ao parlamento, após veto do Presidente da República.
José Maria Neves considerou haver questões fracturantes por discutir, como o sistema de formação de docentes, mas o Governo discordou do veto político.
Um total de 130 mil alunos e 7.500 professores do ensino básico ao secundário regressam hoje às aulas, em Cabo Verde.