Segundo o relatório - em que foram avaliados e posteriormente classificados 180 países entre 0 (percepcionado como muito corrupto) e 100 pontos (muito transparente) -, Cabo Verde, com 62 pontos, é a nação com melhor classificação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), seguida de Portugal, com 57 pontos.
Por sua vez, as restantes nações tiveram classificações negativas: São Tomé e Príncipe (45), Timor-Leste (44), Brasil (34), Angola (32), Moçambique (25), Guiné-Bissau (21) e Guiné Equatorial (13).
De uma forma geral, "mais de dois terços dos países [analisados] tiveram uma pontuação inferior a 50, em 100", salientou a Transparência Internacional, em comunicado.
"As democracias plenas têm um IPC médio de 73, enquanto as democracias com falhas têm uma média de 47 e os regimes não democráticos apenas 33", explicou, referindo ainda que a média global do índice se manteve este ano inalterada, em 43.
Assim, os países em conflito ou com liberdades altamente restringidas e instituições democráticas fracas ocupam os últimos lugares do índice.
O Sudão do Sul (8), a Somália (9) e a Venezuela (10) ocupam os últimos três lugares. A Síria (12), a Guiné Equatorial (13), a Eritreia (13), a Líbia (13), o Iémen (13), Nicarágua (14), o Sudão (15) e a Coreia do Norte (15) completam a lista dos países com pior classificação, enumerou.
Segundo a investigação, no Norte de África e Médio Oriente a corrupção está ligada ao autoritarismo, apesar de começarem a surgir apelos a reformas, e na África Subsariana as medidas anticorrupção são fracas e prejudicam a luta pela acção climática. No entanto, "houve países africanos que investiram na luta contra a corrupção e fizeram progressos notáveis", acrescenta-se no documento.
De acordo com a entidade, a corrupção e a crise climática são fenómenos "fortemente interligados" e "para se combater eficazmente a crise climática tem de se colocar a corrupção no centro do debate global".
"Enquanto milhares de milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam as consequências diárias das alterações climáticas, os recursos para a adaptação e mitigação continuam a ser lamentavelmente inadequados. A corrupção intensifica estes desafios, colocando ameaças adicionais às comunidades vulneráveis", salientou.
Por exemplo, "a falta de mecanismos adequados de transparência e responsabilização aumenta o risco de os fundos climáticos serem utilizados indevidamente ou desviados", disse.
Assim, o favorecimento dos interesses de grupos restritos, em detrimento do bem comum, tem impedido a "adopção das políticas e medidas ambiciosas necessárias para combater as alterações climáticas", indicou.
"A crise da corrupção é um enorme obstáculo à resolução da crise climática", lamentou.
"À medida que a corrupção cresce em escala e complexidade, mais de dois terços dos países estão agora abaixo do ponto médio [50] do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional - com implicações enormes e potencialmente devastadoras para a acção climática global", reiterou.
Outra questão é a corrupção poder aprofundar a marginalização das populações vulneráveis que sofrem desproporcionadamente os efeitos negativos das alterações climáticas, frisou.
"Sem medidas nacionais sólidas de combate à corrupção, a eficácia dos acordos climáticos globais, como o Acordo de Paris, permanece em risco, comprometendo ainda mais os esforços para combater a crise climática", disse.
"Para melhorar os resultados ambientais e sociais da acção climática, é fundamental garantir a concepção e a aplicação inclusivas das iniciativas climáticas, assentes na participação pública", aconselhou.
A Transparência Internacional é um movimento global, sediado em Berlim, que quer "um mundo livre de corrupção", explicou.