"As grandes operações militares, incluindo as que tiveram participação das nossas forças armadas, terminaram. Os nossos militares estão lá para garantir os interesses da Rússia naquela região de importância decisiva. E vão continuar a estar enquanto for do interesse da Rússia e enquanto cumprimos as nossas obrigações internacionais", afirmou Putin durante a tradicional sessão de perguntas dos cidadãos transmitida pela televisão.
"Não prevemos uma retirada das forças neste momento", acrescentou.
Moscovo afirma ter reduzido significativamente a sua presença militar na Síria depois de Novembro de 2017, mas mantém várias unidades no terreno, nomeadamente nas bases aérea de Tartous e naval de Hmeimim.
As duas bases tornaram-se em 2017 bases permanentes da Rússia devido a acordos entre Moscovo e Damasco.
O presidente russo disse contudo que as bases não têm estruturas permanentes, pelo que, se necessário, as tropas russas podem retirar rapidamente.
Putin tinha afirmado em maio, durante um encontro com Bashar al-Assad, que o início de um processo político na Síria contribuiria para uma retirada das "forças armadas estrangeiras" da Síria.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, precisou que essa expressão se aplica a tropas estrangeiras que estão na Síria "de facto de maneira ilegítima do ponto de vista do Direito Internacional", excluindo a Rússia e o Irão, que dizem estar presentes a pedido das "autoridades legítimas sírias".
O presidente russo defendeu hoje que a presença russa na Síria é "um instrumento único de treino e aperfeiçoamento" das forças armadas, incomparavelmente mais útil que qualquer exercício militar.
O número exacto de militares russos na Síria não é conhecido, apenas o número de militares russos na Síria que votaram nas últimas presidenciais russas, a 18 de Março: 2.954 pessoas.
Vladimir Putin defendeu, noutro passo, a criação de um novo sistema de defesa europeu, afirmando que os Estados Unidos estão a "tentar desequilibrar a paridade estratégica".
Em resposta a uma pergunta sobre uma eventual terceira guerra mundial, Putin afirmou que a perspectiva de uma guerra nuclear afasta uma tal hipótese.
O chefe de Estado considerou que o Ocidente "vê erradamente" a Rússia como uma ameaça, mas que isso pode acabar quando perceber que as sanções económicas não servem os interesses dos países ocidentais.
A Rússia é alvo de sanções europeias e norte-americanas devido à anexação da Crimeia, em 2014, e o apoio aos separatistas da Ucrânia, e de sanções adicionais dos Estados Unidos devido à alegada interferência nas presidenciais norte-americanas de 2016.
"Esta pressão vai acabar quando os nossos parceiros se convencerem de que os métodos que usam são ineficazes, contraproducentes e prejudiciais para todos", disse.
"Vêem a Rússia como uma ameaça. Vêem que a Rússia se tornou um concorrente deles. Consideramos que esta é uma política muito errada", acrescentou.
A sessão anual de perguntas dos cidadãos, que se prolonga por várias horas, foi dominada este ano por questões de política interna.