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Novos contos de Dina Salústio são sobre a modernidade e a liberdade

PorChissana Magalhães,19 mai 2018 7:04

Dina Salústio
Dina Salústio

​Chama-se “Filhos de Deus” e é o novo livro de contos de Dina Salústio, apresentado na quinta-feira na Biblioteca Nacional. Trinta e cinco contos que a autora diz serem sobre Cabo Verde e muito virados para os jovens.

Quase dez anos passados sobre o lançamento do seu último livro, o romance “Filhas do Vento” (IBNL, 2009), Dina Salústio regressa às publicações com este “Filhos de Deus” que reúne 35 contos, um dos quais empresta o título ao livro.

“Digo que é um livro de contos e monólogos, porque alguns são contos inspirados pela vida de pessoas com quem fui convivendo e outros são uma espécie de reflexão sobre várias coisas”, conta a autora ao Expresso das Ilhas.

Foram cerca de dois anos a escrever estes contos que admite darem uma certa continuidade a “Mornas Eram as Noites”, o seu livro de estreia publicado em 1994 (encontra-se traduzido para o castelhano e italiano), uma muito elogiada colecção de contos curtos editado pelo então Instituto Cabo-verdiano do Livro e do Disco e que pioneiramente abordavam a condição da mulher cabo-verdiana de diferentes extractos sociais.

“As mulheres acabam por ser sempre o fio condutor. Mas estes contos estão focados na juventude, tem personagens jovens e que ainda estão muito a tempo de reflectir e mudar o rumo do seu futuro”, diz Dina Salústio que elenca palavras como modernidade, liberdade, esperança e independência como conceitos que atravessam as narrativas de “Filhos de Deus”.

Dina Salústio (pseudónimo de Bernardina Oliveira) é natural de Santo Antão. Foi professora, assistente social e jornalista em Cabo Verde, Portugal e Angola.

Depois de “Mornas Eram as Noites” publicou “A Louca de Serrano” (Spleen Edições, 1998), que também viria a ser marcante na literatura cabo-verdiana, sendo considerado por alguns estudiosos como o primeiro romance cabo-verdiano de autoria feminina. O site do Instituto Geledes – uma ONG dedicada ao activismo anti-racismo e pró-igualdade e equidade de género - o destacou como uma das “10 obras fundamentais da Literatura africana de língua portuguesa” ao lado de títulos de Mia Couto, Luandino Vieira, Pepetela, José Eduardo Água Lusa e Paulina Chiziane, entre outros.

Também em 1998 publica o livro infanto-juvenil “A Estrelinha Tlim Tlim” (Centro Cultural Português – IC). Mantendo-se nesse território, quatro anos depois seria a vez de “O Que os olhos não vêem”, em co-autoria com Marilene Pereira e editado pelo Centro Cultural Português – IC. Em 2009 regressa ao romance com “Filhas do Vento”, uma história com pano de fundo a pender para o fantástico e onde uma vez mais dominam personagens femininas carismáticas.

Também autora de ensaios e de poesia editados em revistas como “Mudjer”, “Ponto&Vírgula”, “Fragmentos”, “Fragata”, pelo jornal “A Semana” e pela antologia “Mirabilis-de-Veias ao Sol”, Dina Salústio tem a sua obra analisada em dezenas de críticas literárias e teses académicas no país e no exterior.

Membro da Associação de Escritores Cabo-verdianos e da Academia Cabo-verdiana de Letras, em 2016 foi premiada pelo Pen Club de Galiza, um galardão anteriormente atribuído aos escritores portugueses José Saramago, António Lobo Antunes, Sophia de Mello Breyner Adressen e Augustina Bessa Luis, ao brasileiro Rubem Fonseca e ao moçambicano Mia Couto, sendo essa a primeira vez que o prémio foi atribuído a um escritor cabo-verdiano.

Para além deste “Filhos de Deus”, com edição da Acácia Editora, ainda este ano poderá ser publicado um novo livro da escritora que tem também pronto mais um livro de contos. O romance, ainda sem título, terá selo da Rosa de Porcelana.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 859 de 16 de Maio de 2018.

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Autoria:Chissana Magalhães,19 mai 2018 7:04

Editado porChissana Magalhães  em  20 mai 2018 7:24

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