À parte da técnica, formação e academia, abertura para muita música do mundo, o que me encanta no músico é na verdade a sua alma, todo o seu “mood” e obviamente os momentos que nos oferece.
Avishai Cohen nasceu em Israel e, desde muito cedo, começa a sua ligação com a música. Para não fugir à maioria, inicia-se pelo piano, mas poucos anos mais tarde é escolhido pelo contrabaixo, para que seja, mais um dos seus dignos representantes.
E assim foi. Avishai passa a ser mais um dos contrabaixistas do Jazz, em particular, e da música no geral.
Feita a escolha e a referida comunhão, Cohen salta para a terra, onde os palcos do Jazz “adivinham-se” de sonho – os Estados Unidos.
Aí, estuda, começa a procurar lugares para tocar, e o seu talento vai-se mostrando. Multiplicam-se então os palcos dos típicos espaços de Jazz frequentados por amantes deste género musical e pelos próprios músicos, que tantas vezes fazem parte do público. Num desses espectáculos encontrava-se um dos senhores do Jazz, do qual Cohen recebe um telefonema para fazer parte do seu sexteto. Avishai Cohen começa então a tocar com…Chick Corea. Pouco tempo foi preciso para que o músico acreditasse que já faria sentido uma carreira a solo. Parte então para o seu primeiro Trio. Estava lançado o nome de Cohen.
Na verdade, trazia com ele uma visão muito aberta e receptiva de várias sonoridades. Tudo era bem-vindo, para um total sempre refinado. Para isso talvez uma série de influência de músicos com quem foi tocando e que com certeza lhe foram deixando cores e sabores, como Bobby McFerrin, Roy Hargrove, Herbie Hancock, Alecia Keys e projectos orquestrais que também iam buscar as músicas do mundo.
Pegando nesta parte, para mim é certamente o paraíso de Avishai, o seu “Etno-Jazz”, os ambientes e sonoridades que consegue criar quando junta delicadamente o Jazz ao “World-Music”…
Vários são o álbum que poderia propor. Escolho o álbum “Seven Seas” da Blue Note, onde participa o pianista qua mais gosto de ver tocar com Cohen, também ele Israelita - Shai Maestro.
Contudo, não posso deixar de sublinhar o álbum “At Home” que traz um dos temas de maior beleza que ouvi nas últimas décadas…
Lembro-me do tempo que fiquei paralisado, quando ouvi a música pela primeira vez. Tudo parou…
O tema chama-se “Remembering”…
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 926 de 28 de Agosto de 2019.