Bau e Voginha são dois nomes incontornáveis da morna. Na manhã seguinte ao anúncio de proclamação da morna como Património da Humanidade, vamos encontrá-los juntos, a ensaiar. O som que se ouve não deixa margens para dúvidas, nem deixa ninguém indiferente. É Morna, essa música que, como refere Bau, “está sobejamente provado que entra na alma de qualquer pessoa”.
Ambos estão felizes com a notícia.
“Ouvi hoje na rádio e fiquei contente. Extramente satisfeito, porque é um feito do país, da nossa Identidade, que é a morna, e que foi elevada a Património Imaterial da Humanidade", expressa Voginha.
"Não deixa de ser uma coisa louvável para Cabo Verde. Uma pessoa fica contente", corrobora Bau.
Não obstante toda a satisfação por este feito, conquistado pela música que marca a vida e o percurso artístico destes dois guitarristas, há algo consideram ainda mais importante: a devida valorização do género... em Cabo Verde.
"Ficava ainda ainda mais satisfeito é se, realmente, se tornasse a cultivar esse género musical dentro de Cabo Verde e se aprendesse a tocá-lo como deve ser", sublinha Voginha.
Até porque, critica, “tem uma data de gente que toca morna mariadu".
Assim, actualmente a Morna é já reconhecida internacionalmente. "Só o fenómeno da Cesária Évora já vem comprovar, já não é preciso muito". É em Cabo Verde que se torna mais premente estimar e valorizar a morna, principalmente "pessoal mais novo". E a elevação a Património Mundial poderá ajudar ao aumento dessa estima interna, acredita.
Bau partilha a preocupação com o futuro da morna, que terá de ser assegurado pelas gerações mais novas.
"Temos medo que daqui a algum tempo, a morna possa, não digo desaparecer, mas não ser tocada genuinamente".
E termina citando vários nomes a quem a Morna deve muito, alguns deles já fisicamente desaparecidos,
Nomes como Cesária que conseguiu mostrar a morna lá fora, ou Paulino Vieira que se destaca como instrumentista e a nível de arranjos. Ou Bana. Ou Chico Serra que valorizou a morna no piano".
"Temos de valorizar e dar continuidade", exorta.