Festival Plateau: Um projecto em crescimento

PorDulcina Mendes,10 nov 2019 9:33

Vem aí mais uma edição do Festival Internacional de Cinema da Praia (Plateau) com filmes para secção competitiva, MasterClasses/Workshop e sessões nos bairros e escolas. Este festival já vai na sua 6ª edição e traz filmes nacionais e estrangeiros.

Este evento surgiu com o objectivo de promover o cinema nacional, regional e dos PALOP, democratizar o acesso ao cinema, com sessões públicas nos diferentes bairros da cidade, e formar agentes ligados à 7ª arte. 

Na apresentação da programação do festival deste ano, o vereador de Ambiente Saneamento, Cultura e Economia Criativa, António Lopes da Silva, disse que este festival está cada vez mais conhecido a nível internacional e que cada vez mais produtores de outros festivais internacionais estão a aproximar-se do festival Plateau. 

“Acho que isso é importante. Em termos de parceiras, continuamos com as mesmas instituições que estavam à volta do cinema. O festival desde o início foi gratuito e continua a ser. Damos oportunidades aos estudantes universitários, do EBI, das escolas secundárias e a população da Praia para viver durante uma semana um tipo de Kriol Jazz mais voltado para o cinema”, frisa.

Para o director do festival Plateau, Ivan Santos, o objectivo deste evento é dar tela aos cineastas. “Produzem filmes e passam horas a investir seu tempo e dinheiro e é justo que tenham espaço para mostrarem os seus trabalhos”. 

“O festival não é o fim da linha na cadeia de produção do cinema e audiovisual, mas faz parte dessa cadeia de distribuição. Quando fazem filmes tem toda uma cadeia de produção e o festival está dentro dessa cadeia de distribuir”, indica. 

Outro objectivo do festival, conforme disse, é dar oportunidade a que os nossos cineastas possam mostrar os seus trabalhos a nível internacional. “Também é de dar oportunidade aos nossos cineastas que estão a produzir cada vez mais e colocá-los sempre em contacto com os cineastas e produtores internacionais que vão estar no país durante o festival”. 

“Em todas as edições procuramos trazer alguns convidados da nossa região africana mais também da Europa e também os descendentes dos cabo-verdianos que estão ligados ao mundo do cinema e audiovisual, que vivem fora de Cabo Verde”, acrescenta. 

Disse ainda que procuram sempre trazer pessoas ligadas ao cinema, para durante o festival debater com os nossos cineastas sobre este sector.

Ivan Santos acredita que daqui a dois ou três anos vão sair algumas produções que nasceram durante esses anos do festival Plateau. “Algumas produções, ideias, guiões e ideias de filme nasceram no festival Plateau pelo contacto havidos entre os nossos cineastas e os internacionais. Acho que isso para a fruição do cinema e audiovisual representa um grande ganho”. 

Conquistar o público 

Desde que o festival surgiu na cidade da Praia, muitas pessoas aplaudiram, pois muitos têm boas memórias daquilo que foi assistir os filmes no Cinema da Praia. Ver o Cinema da Praia a exibir filmes é algo que agrada muito tantos jovens como a adultos.

Conforme Ivan Santos, o festival tem neste momento o desafio de conquistar mais público. “É um grande desafio que não se reduz à câmara municipal, mas ao mundo inteiro. Hoje em dia, vais a qualquer sala de cinema em outros países encontras salas vazias, mesmo com grandes sessões e programas. Encher o cinema da Praia com 300 pessoas não é fácil, isso é um grande desafio. Por isso, o trabalho que temos estado a fazer com Plateauzinho vai servir para criar público para ir ao cinema”.

António Lopes da Silva acrescenta que nas sessões competitivas têm menos pessoas, mas por outro lado, no Plateauzona acolhem muito mais pessoas. “O que é muito importante, porque a maior parte das pessoas na Praia assiste o cinema em casa e mesmo nos seus telemóveis. No ano passado, estive no Plateauzona em alguns bairros e verifiquei que o campo de futebol estava cheio de pessoas a ver os filmes que levámos. Essas pessoas gostaram dos filmes que levámos. Isso é um aspecto que temos que ver, temos que levar filmes com as quais as pessoas se identificam”. 

“Nos bairros vão sempre muitas pessoas, isso é importante não só pelo número de pessoas mas também pelo impacto que isso tem. Nas primeiras edições não tínhamos nem 50 filmes inscritos e hoje temos 414, isso quer dizer alguma coisa. O Plateau ainda é um projecto novo mas está a entrar na rota”, avança. 

Oportunidades 

O festival, além de levar os filmes para as escolas, tem dado oportunidade aos jovens para mostrarem os seus trabalhos. No ano passado alguns jovens universitários viram seus filmes a ser exibidos no festival. Como é o caso do jovem universitário Ercie Chantre que no ano passado, teve oportunidade de mostrar a sua primeira curta-metragem no festival. 

Para esse jovem, o festival Plateau tem sido importante para a divulgação de filmes nacionais e internacionais na promoção de novos realizadores e produtores musicais. “Este festival tem levado a comunidade estudantil também a conviver e a trocar experiências com outros colegas de universidades diferentes”. 

Depois dessa experiência, o jovem fez mais trabalhos, sendo um deles, uma crónica/documentário sobre o vulcão do Fogo, intitulado “O acordar do Gigante” de 10 minutos que participou no ano passado no Festival Internacional do Cinema de Caeté do Porto (Portugal) e recebeu uma menção honrosa. 

Ercie Chantre confessa que gostaria de ver mais sessões dedicadas às produções universitárias e melhor interação entre os realizadores e a organização do festival.

O jovem universitário não quer parar por aqui e avança que já está na produção de uma curta-metragem documentário com apoio de edital de 2018 da Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde. 

Gestão do Cinema da Praia 

O projecto de gestão do Cinema da Praia, conforme o vereador, é algo que já foi pensado há vários anos, só que as coisas não avançaram por falta de recursos. “Hoje, falar numa sala de cinema é muito redutor. Hoje falamos no cine-teatro, um espaço onde provavelmente tem cinema, teatro, lugar de reuniões e encontros”. 

Neste sentido, conta que o espaço da Pracinha da Escola Grande vai ser um Centro Cultural da Praia, quando a Universidade de Cabo Verde deixar esse espaço. “Queremos que aquele espaço seja Centro Cultural da cidade da Praia e, neste contexto, o Cinema da Praia vai ter um papel muito mais activo”. 

Indicou que o Cinema da Praia é muito utilizado não só para cinema mas também para outras actividades como reuniões, teatro, dança, ensaios e que cada vez mais está a ser um espaço de utilidade para os criadores.

                                  Festival Plateau recebe 414 inscrições  De 18 a 24 deste mês acontece a 6ª edição do Festival Internacional de Cinema da Praia. Para esta edição inscreveram 414 filmes, sendo sete nacionais. Dos filmes inscritos 26 foram seleccionados para a secção competitiva, sendo dez curtas de ficção, dez curtas documentais, três longas de ficção e três longas documentário. O festival reserva espaço para sessões especiais, e nesta edição haverá quatro sessões especiais: Sessão especial HotDocs do Canadá e Sessão especial curadoria de Mamadou Diop do Senegal, com filmes africanos. Além da seção competitiva, haverá o habitual Plateauzona, que nesta edição vai estar em alguns bairros da cidade da Praia como Fonton, Safende, São Tomé e São Martinho. O Plateauzinho é outra aposta do festival, e este ano vai contar com a parceira especial do Festival de Animação de Lisboa (MONSTRA). Ainda enquadrado no Plateauzinho, em parceria com a Associação do Cinema, a Delegação Escolar da Praia e o Projecto Dock4Kids da AporDoc Lisboa, estarão presentes dois profissionais para ministrar pequenos workshops temáticos do cinema e audiovisual nas próprias escolas durante os dias do festival. Paralelamente ao festival acontece MasterClasses/Workshop em parceria com as universidades e Fórum Plateau.  Este festival é realizado pela Câmara Municipal da Praia, em parceira com a Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde, Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e Txan Films. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 936 de 06 de Novembro de 2019. 

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Autoria:Dulcina Mendes,10 nov 2019 9:33

Editado pormaria Fortes  em  29 jul 2020 23:20

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