É pelo menos esta a percepção do realizador Neu Lopes.
“Deixa um legado bastante grande, porque foi um grande investigador, filólogo, para além de ter uma invejável biblioteca, era o próprio uma biblioteca viva que andou por todas as ilhas e que sabia todas as histórias. É grande perda para a cultura”, afirma.
Na mesma linha, Ana Cordeiro, investigadora e antiga directora do antigo Centro Cultural Português, destaca a figura de uma 'biblioteca viva'.
“Partilhou connosco o seu conhecimento. Publicou obras absolutamente incontornáveis para o estudo da morna, pelo menos em Cabo Verde. Era uma pessoa de uma grande generosidade. E quando se fala em biblioteca, essa expressão é para mim muito verdadeira, muito real, porque ele não só era uma pessoa que partilhava as informações, como partilhava as obras e obras raras. E, nesse sentido, ele era de facto uma biblioteca”, diz.
Já o professor e dramaturgo mindelense, Valódia Monteiro, fala num sentimento de grande vazio.
“É uma tristeza enorme. Há um sentimento de grande vazio, mas sinto-me preenchido por tudo o que aprendi com ele, os ensinamentos que me passou foram muitos, durante vários anos. Perdemos um homem sábio. Uma figura ecléctica”, lamenta.
Nascido na cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente, Cabo Verde, a 9 de Abril de 1933, Moacyr Rodrigues dedicou a vida a estudar a morna. Foi um dos maiores defensores da elevação da Morna à categoria de Património Cultural Imaterial da Humanidade.