Desde os estreantes, entre eles Edwin Vibez, Tiago Silva e Hilar, que mencionaram “sonho de infância cumprido”, passando pelos repetentes Mark Delmam, Dieg, Kiddy Bonz, Batchart, Calema e Djodje, que expressaram a sua gratidão pelo acolhimento, todos carregaram na tecla do elogio ao “melhor público do mundo”.
No ano em que a organização do festival decidiu homenagear a resiliência do cabo-verdiano, nem de propósito, no domingo/segunda-feira, todos aqueles que passaram pelo palco abriram o coração num poema de elogios sem fim ao povo da Baía das Gatas, cujo festival esteve suspenso desde a paragem forçada de dois anos, devido à pandemia da covid-19.
Pela adesão e participação, aos milhares, nesses três dias, dir-se-ia que o povo estava ansioso e tinha saudades do seu festival, sequer, aparentemente, ligou às três horas de atraso no arranque do show, a todos acarinhou e aplaudiu, cantou e gritou, pelo que fica difícil vislumbrar “os mais” deste último dia, que principiou no domingo e terminou na manhã de hoje.
Mark Delman, por exemplo, bem acolhido e aplaudido, sintetizou o que, certamente, ia na alma dos seus colegas de palco: “Sou um mensageiro que conseguiu hoje conectar na frequência certa com o público da Baía das Gatas”.
A dupla de irmãos que formam o grupo Calema, às 04:00 desta madrugada, reforçaram: “São Vicente é especial e o seu festival tem outro sabor”.
E que dizer do grupo de reggae Morgan Heritage, que, conforme a organização, se ofereceu para actuar neste festival, e, indo mais longe, iniciou na Baía das Gatas as gravações de um vídeo clip, cuja captação de imagens vai prosseguir na ilha de São Vicente até terça-feira, sinal entendido como “carinho especial” pela ilha e seu povo. Este grupo, aliás, principiou a sua actuação passavam três minutos das 07:00 desta manhã.
Se se exceptuar o reggae dos “Morgan Heritage”, Baía das Gatas foi, neste último dia da 38ª edição, enfim, um palco recheado de hip-hop crioulo e rnb com um toque tradicional, para além do estilo dos “Calema” e de Djodje, que pode ir do cabozouk/cabolove ao kizomba e o dance hall, estes dois últimos, sem dúvidas aqueles que já têm, pode dizer-se, o seu “público cativo” no festival.
Ainda antes de baixar o pano desta 38ª edição, à Inforpress, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, dava-se por satisfeito por o certame ter “agradado ao público”, mesmo que este festival tivesse sido programado e produzido em pouco em mais de dois meses.
“Realmente estávamos com alguma dificuldade em organizar este festival, estivemos muito tempo em ‘stand-by’ a ver se haveria novas restrições por causa da covid-19, felizmente que não, por isso estou muito satisfeito, apesar de todas as dificuldades”, concretizou Augusto Neves.
Agradado com a “boa adesão” da população, o autarca prometeu “melhor em 2023”, até porque, sintetizou, “Baía das Gatas já é um nome internacional e muitos artistas já se oferecem para pisar este palco”.
O Festival Internacional de Música da Baía das Gatas teve a sua primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984, é realizado anualmente na praia da Baía das Gatas, a oito quilómetros da cidade do Mindelo, e desde aquela data não se realizou ali, em 1995, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde, e nos anos 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, embora a concretização do evento no formato online, através de plataformas digitais, nas últimas duas edições, a partir de um hotel, na cidade do Mindelo.
Anualmente, a Câmara Municipal de São Vicente, que organiza o evento, reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachê de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro, sendo certo que o grosso do montante para suportar o evento, de acordo com a autarquia, provém de patrocínios de empresas e outras instituições.