Alcides Simões disse que através dos personagens deste conto tentou ir ao encontro de muitas estórias que ouvimos todos os dias, de factos reais que nos incomodam e nos fazem pensar sobre os reais valores pelos quais a nossa sociedade se rege.
“É uma estória que acontece com todos. O facto de encontrarmos pessoas que são arrogantes, com falta de bom-senso, vaidosas, isso acontece-nos na vida sempre. No fundo, aquilo que acontece nos dias de hoje, está um pouco selectivo no conto”, relata.
“Uma Estrela no Caminho é um conto curto, para que as pessoas possam lê-lo de uma só vez. Tentei encontrar um conto que colocasse, no fundo, aquilo que são as estórias da vida quotidiana, com seus heróis e os vilões. O livro retrata um pouco o que é a nossa sociedade nos dias de hoje”, explica.
“A minha intenção era escrever uma estória simples, fácil e que retratasse um pouco daquilo que se passa na nossa sociedade. Estamos na época do Natal, quadra festiva onde as desavenças não deviam existir, pois o amor ao próximo é importante. É uma época que tem a ver com o sagrado, com Cristo em que a bondade deve estar acima de tudo. No fundo, o que se passa no livro é que alguém se esqueceu de todos esses valores e se tornou arrogante, não querendo sentar-se à mesa, onde estavam pessoas de cor. Isso é racismo e vai contra tudo aquilo que nós defendemos na nossa sociedade”, aponta Alcides Simões.
Neste livro, o autor quis mostrar também um pouco daquilo que é um comportamento racista, quando uma das personagens da obra se recusa a sentar-se à mesa com uma pessoa por ela ser negra. “As pessoas, sejam elas brancas, pretas, azuis ou vermelhas devem estar à mesma mesa, porque têm os mesmos direitos e são exactamente iguais em tudo. E esse senhor recusou-se a sentar-se à mesa onde estavam pessoas de cor. No caso eram negras e podiam ser de outra cor, mas o bom-senso do indivíduo que tinha o amor para o próximo disse lhe, ‘ok, se tu não queres sentar-te nesta mesa, és tu quem vai mudar de mesa, porque as pessoas, meus convidados que são de cor, estão na mesa de honra: isto é bom-senso, é o amor pelo próximo. Esteve bem o dono da casa, ao dizer ao racista: se não queres sentar-te aqui com os meus convidados de honra, vai comer na cozinha”.
Natural da Póvoa do Bispo, aldeia do concelho de Cantanhede em Portugal, Alcides Simões reside actualmente na Cidade da Praia.
Além deste livro, Alcides Simões é autor da obra “O Jô e a Mala Mágica”, lançado em 2021. Simões anunciou ao Expresso das Ilhas que já terminou de escrever o seu terceiro livro, que é um drama e está em fase de revisão, pelo que o lançamento será no próximo ano.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1098 de 14 de Dezembro de 2022.