A Academia começou com poucos alunos e um único professor, mas isso não foi motivo de desânimo, pois mesmo assim continuaram as aulas. “Então, decidimos arrancar com o professor Zeca Couto, e na primeira semana tínhamos apenas sete alunos inscritos, mas apostamos e no final do mesmo ano conseguimos, em termos de ofertas regulares, 33 alunos a frequentar a academia”.
“E nas actividades pontuais tínhamos 130 alunos a frequentar, e em Julho do mesmo ano (2017) conseguimos um outro professor, ali já a oferta aumentou. Tivemos aulas de guitarra, canto e actividades infantis, guitarra para crianças, algo que não tínhamos antes, e no mesmo ano lectivo (2017/2018) tivemos 81 alunos inscritos regularmente e 179 alunos que passaram pontualmente para actividades de Verão, ou para reforço da sua matéria profissional, então para nós foi ‘Uau, conseguimos’. Passámos um ano lectivo e conseguimos ir mais longe”, conta.
E essa alegria continuou com a crescente entrada de alunos na academia. Também começaram a surgir mais parceiros. “Entramos no ano lectivo 2018/2019 com um crescimento também, continuamos com aumento para 90 alunos inscritos com regularidade e mantivemos o número de alunos nas actividades pontuais”.
A academia passou de um professor para quatro professores, e neste sentido, começaram a alargar as suas actividades para as comunidades educativas. “Tivemos parceria com a escola secundária Cónego Jacinto, na Várzea, na Cidade da Praia, e com isso tivemos um grande fluxo de alunos desse liceu a frequentar naquela altura a academa”.
“Também viemos a receber os alunos da escola secundária de Achada Grande Trás e tivemos um grande fluxo de alunos daquele estabelecimento de ensino a frequentar durante aquele período. Segundo disse, houve um período em que a academia teve alguma queda do número de alunos, devido ao desaparecimento de crianças, na Cidade da Praia, mas que depois disso, as coisas voltaram ao normal.
Neste momento, conta, há um total de 107 alunos inscritos regularmente na academia, nos cursos que dão anualmente, e mais 84 alunos que recebem aula na academia, mas é de uma parceria entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação, através da escola secundária Cesaltina Ramos, na Praia, que é uma escola técnica.
“Temos à volta de 150 alunos a frequentar a academia neste ano lectivo. Crescemos de facto em número de alunos. Neste momento temos quatro professores, sendo dois fixos e dois que são do Ministério da Educação. Estamos a fazer força neste momento par que neste ano possamos abrir parcerias internacionais para conseguirmos ter mais professores”, indica a coordenadora da CEAA.
Aulas online
Lígia Timas sublinha que seria interessante apostarem nas aulas online, porque em Cabo Verde temos poucos quadros nesta área, “e o nosso maior desafio é ter pessoas formadas na área das artes. E pessoas formadas na área das artes para ensino, com formação de forma pedagogica e que tenham a competência para transmitir aquele saber”.
“Ali entra aquilo que colocamos como nosso objectivo e nossa missão que é ter ofertas nas áreas das artes de forma sistematizada e estruturada ao longo do ano, consistentes, na sua vertente teórica, prática e tradicional, mas um tradicional que podemos documentar, registar e pautar porque o nosso legado tradicional se não registarmos e documentarmos como deve ser depois desaparece”, indica.
Sustentabilidade
Conforme a coordenadora da CEAA, a academia é financiada pelo tesouro, pois ainda não tem autonomia administrativa e financeira. “Trabalhamos com o gabinete do Ministro da Cultura, já temos um centro do custo e somos financiados pelo Governo e pelas mensalidades dos alunos, que nos ajudam a manter as despesas correntes. As despesas corriqueiras conseguimos cobrir com as mensalidades dos alunos”.
Em relação às ofertas, disse que vão lançar cursos de guitarra, canto coral e percurssão. “Neste momento temos alunos de piano, que é das modalidades mais procuradas, mas como são aulas individuais sempre há alguém na lista de espera, para conseguir alguma vaga. E temos dois professores de piano. Temos aula de guitarra, canto coral, violino e cordas clássicas. Damos aulas de violino, violoncelo, viola e contrabaixo”.
E quanto ao teatro explicou que é a modalidade que lançaram, mas não conseguiram alcançar o número suficiente de alunos para abrir uma turma, mas “estamos a ver ainda para este ano lectivo como é que podemos contornar essa a de inscritos que tivemos, principalmente nas aulas de dramatização”.
Para Lígia Timas é um sonho da academia também ter ofertas formativas junto dos parceiros, para profissionalização. “Dizemos sempre que somos um país de músicos e artistas, mas o que nos falta é investir para que. de facto, estarmos a pé de competir e de estar junto com todos os profissionais desta área a nível mundial”, declara.
Conforme avançou, o objectivo para este ano é começar a expandir, “se tivermos mais recursos humanos e mais investimento vamos conseguir chegar lá”.
Projectos
Para este ano, Lígia Timas anunciou que tem um “fervilhar” de projectos. “Temos o projecto com a Direcção-geral das Artes em que queremos o ensino de dramatização, para trabalhar nas comunidades, temos o projecto de termos aulas online, além da nossa actividade de Verão que sempre temos, e na área de cinema também temos projectos. A formalizar é nosso maior projecto para este ano”.
A coordenadora da CEAA disse que se conseguirem formalizar e abrir para intercâmbio, com parceiros a nível internacional será uma bênção, porque é algo que tanto almejam.
“É isso que é a nossa meta, mas vamos continuar a lutar. Tivemos experiências fantásticas com o Brasil, com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nas aulas online de cordas clássicas, por isso que hoje conseguimos dar violino a nível de iniciantes, violoncelo, viola e contrabaixo”, assegura.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1106 de 8 de Fevereiro de 2023.