A situação foi apontada durante o terceiro painel sobre “Políticas e estratégias de promoção do livro, da leitura e literacia enquanto elementos centrais para o desenvolvimento humano, e para o desenvolvimento sustentável”, do ciclo de debates subordinado ao lema “Realidades, desafios e oportunidades no espaço da língua portuguesa: literacia, ciência, cultura e economia”, por videoconferência e presencial, a partir da sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
“Um dos grandes desafios que o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde enfrenta tem a ver com a falta de livros infanto-juvenis nas diferentes bibliotecas públicas e privadas”, frisou, indicando que por esse motivo o País tem a decorrer actualmente em Portugal uma campanha de recolha desses livros junto das bibliotecas, editoras e instituições.
Ao mesmo tempo, Matilde Santos sublinhou que o PNL está a implementar um outro projecto, denominado “Mochila de livro”, com o objectivo de apetrechar uma mochila de livros nas escolas onde não existem bibliotecas.
“Estamos a ter alguma dificuldade em implementar esse projecto, devido à falta de livros infanto-juvenis, mas estamos contentes, porque este ano já lançamos o primeiro concurso nacional de leitura, com mais de 5.000 inscritos”, revelou a presidente, lembrando que o PNL foi criado em Cabo Verde, oficialmente, em 2017, mas por causa de “vários constrangimentos com as actividades” o plano iniciou efectivamente a partir de 2022.
“O nosso principal objectivo é elevar os níveis de literacia dos cabo-verdianos (…). A nossa especial atenção nesta primeira fase vai para crianças e jovens em idade escolar, trabalhando em estreita colaboração com as escolas e para levar a cabo essas acções, temos contado com o engajamento de algumas bibliotecas públicas, como municipais e escolares, mas também as comunitárias”, contou.
O painel teve como oradores, para além de Matilde Santos, o sub-director-geral da Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (Portugal), Bruno Eiras, o director da Biblioteca Pública e Arquivos Históricos Nacionais, INEP (Guiné-Bissau), Iaguba Djaló, o director do Livro e Leitura (Brasil), Jeferson Assunção, e a sub-comissária do Plano Nacional de Leitura (Portugal), Andreia Brites.
A directora da Biblioteca Nacional (São Tomé e Príncipe), Marlene José, o director-geral da Biblioteca Nacional (Moçambique), João Fenhane, o linguista e presidente do Conselho Nacional do IILP (Timor-Leste), Benjamin Corte Real, e o director do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Brasil), André Ossa, também participaram no painel.
Os outros painéis do ciclo de debates, que acontece de 02 a 05 de Maio são “Desafios do português como língua de ciência”, “Cultura e economia criativa: realidades e desafios”, “O valor e a dimensão económica da língua portuguesa” e “Desafios do livro e da leitura no espaço da CPLP”.
O ciclo de debates é promovido pela CPLP para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa e o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, assinalados a 05 de Maio, data em que está marcada uma sessão solene comemorativa, seguida de várias iniciativas de carácter cultural e artístico, incluindo debates e intervenção poética de actores dos Estados-membros (Cabo Verde, Angola, Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).
Desde 2009, é comemorado o 05 de Maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, instituído pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, sendo que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) proclamou esta data como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em Novembro de 2019.