Vem aí 2ª Edição da Festa do Queijo de Monte Grande

PorAntónio Monteiro,8 jul 2023 8:17

Na mesma linha da primeira edição, o objectivo da segunda edição desta Festa do Queijo é reunir a comunidade de Monte Grande, uma localidade a meio caminho entre São Filipe e Chã das Caldeiras, em torno do seu desenvolvimento a partir do queijo, transformar e valorizar este produto e seus derivados e aumentar a qualidade de vida dos criadores e produtores da região.

As inscrições para Formação e Capacitação decorrem até 9 de Julho; para a Rota do Queijo, até 13 de Julho; para Exposição e Degustação, até 14 de Julho e para o concurso Melhor Queijo Monte Grande 2023 decorrem até 14 de Julho.

Além da Degustação e Exposição, Fórum de Desenvolvimento Local e o concurso Melhor Queijo, este ano foi acrescentada à grelha de programação duas vertentes que Pedro Matos, presidente da Associação Ka Djidja, que em parceria com as associações locais da região de Monte Grande e com o patrocínio da CV Telecom, realiza a 2ª edição da Festa do Queijo, considera muito importantes.

“A primeira, Formação e Capacitação visa despoletar outras potencialidades aqui na região. A ideia é pensar esta região como um corredor agropecuário para receber aqui investimentos direccionados e uma atenção apropriada da por parte das autoridades públicas”, diz Pedro Matos, lamentando que numa zona que vive essencialmente da agropecuária não exista um centro veterinário, nem apoio aos pequenos criadores de gado.

Promover o turismo local

A outra vertente acrescentada é a Rota do Queijo, visando promover o turismo local. “É uma área muito importante para nós cujo objectivo é levar os turistas a ter uma experiência in loco do processo de produção do queijo e sobretudo levá-los às regiões onde há plantas medicinais que servem de pasto, nomeadamente lonas, ervas-cidreiras, ortigas, lantisco, piorno, aipo-de-rocha e sabão-de-feiticeira”.

Como explica o presidente da Associação Ka Djidja, o objectivo é mostrar aos visitantes a influência das plantas endémicas na qualidade do leite e na produção do queijo, já que poucas pessoas sabem que o queijo de Monte Grande tem um sabor especial devido à influência das plantas endémicas no leite de cabra com que este queijo é produzido, além do seu valor nutricional e medicinal.

“Essas plantas têm um valor nutricional muito grande e consequentemente enriquecem o queijo. De modo que aqui não se come apenas um queijo e essa é uma boa justificação para o aumento do preço deste produto”, aponta.

“Fórum de Desenvolvimento Local”

Durante a 2ª Edição da Festa do Queijo será realizada um fórum de desenvolvimento local sobre o tema “O mundo rural é o centro”. Para Pedro Matos a escolha do tema é uma espécie de provocação à cidade. “A cidade que se intitula o centro por questões óbvias e conhecidas, mas quem alimenta a cidade, quem alimenta o centro é o mundo rural através dos produtos, e das pessoas que vão levar esses produtos às cidades”.
“Não obstante este facto, a população rural possui uma qualidade de vida menor e os pequenos produtores locais não estão nos circuitos comerciais para exposição e venda dos seus produtos. Dessa forma, o evento tenciona propor estratégias para o fortalecimento do espaço rural”, lê-se no site da Associação Ka Djidja.

Pedro Matos defende que o pequeno produtor de queijo e os criadores não têm destaque em quase nada. “É um actor negligenciado. Não há um evento que o torna protagonista, não há um sector que realmente lhe dê essa viabilidade. Ou seja, ele não é lembrado. Quando a gente diz que o mundo rural é o centro é para trazer tudo aquilo que constitui o mundo rural”.

Durante o fórum serão debatidos temas como tecnologias agrícolas, a questão da água e sua disponibilidade nas zonas mais altas e a experiência de jovens da comunidade que estão tendo algum protagonismo na área da agropecuária que apesar dos desafios têm feito um trabalho de destaque.

“Isso vai propiciar um ambiente em que outras pessoas vão identificar uma viabilidade em permanecer nas zonas rurais, evitando com isso essa grande fuga para a cidade e essa emigração que a longo prazo coloca em xeque a própria sustentabilidade de várias localidades daqui do interior da ilha do Fogo”, considera.

As palestras decorrem durante três meses com duas palestras mensais seguidas de um debate de cerca de 20 minutos. As palestras serão moderadas por quadros da ilha do Fogo. “A ideia realmente é aproveitar o que temos aqui em termos de recursos humanos”, sublinha Pedro Matos.

Conforme revelou ao Expresso das Ilhas, a ideia para a criação da Festa do Queijo partiu do director do Atelier Mar, Leão Lopes, durante a visita a um amigo em Monte Grande.

“O Atelier Mar participa também este ano na realização do evento, mas, como deixou bem claro na 1ª edição da festa, o objectivo era lançar sementes e deixar que a comunidade local cuide dessa planta até o momento em que tenham o controlo total de todo o processo”.

A 2ª Edição da Festa do Queijo de Monte Grande inicia no dia 10 de Julho e termina do dia 15 de Julho. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1127 de 5 de Julho de 2023.

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Autoria:António Monteiro,8 jul 2023 8:17

Editado porAndre Amaral  em  2 abr 2024 23:28

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