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“Escritos Ucranianos” foi lançado em primeira mão na ilha do Sal no mês de Junho, durante o Festival de Literatura Mundo. Depois da ilha do Sal, foi apresentado em Lisboa, Portugal, e nas cidades da Praia, São Filipe, Mindelo, Ribeira Grande de Santo Antão e agora vai para Luanda, tendo como palco a sede da União dos Escritores Angolanos.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, a ideia de escrever um livro sobre a Ucrânia surgiu dias após a invasão russa, durante um almoço de amigos na localidade de Boca de Coruja, na ilha de Santo Antão, em que o assunto foi tema dominante da conversa.
Apesar dessa motivação e do próprio título da obra “Escritos Ucranianos”, Jorge Carlos Fonseca alerta que o livro não é um manifesto político, mas sim uma obra literária.
“É um livro de literatura. Portanto, é um livro que contém poesia, prosa poética, crónicas literárias, uma mistura de crónica e diário. No fundo o ambiente dominante é a escrita poética. Agora, naturalmente, que o ponto de partida, a motivação de fundo foi a invasão russa à Ucrânia”, disse.
O livro, que conforme explicou liga o conflito às ilhas Cabo Verde, é composto de por um conjunto de 100 fragmentos que são interligados pela referência ao conflito.
“No primeiro fragmento eu falo de Boca de Ambas as Ribeiras, um sítio lindíssimo em Santo Antão e que tem um nome estranho e espectacular, falo de Boca de Coruja, falo de Santa Luzia, dos Ilhéus Raso e Branco, mas falo de uma figura cabo-verdiana que parte para a frente da luta, como que representa Cabo Verde na luta, e essa figura é uma Grua”, explicou.
“É uma espécie de representante das ilhas no conflito, já que nas ilhas, na altura da guerra, as pessoas não se pronunciaram muito. Então ela é a porta-voz daquilo que é o interesse e a posição das ilhas. É uma espécie de porta-voz, talvez, da pessoa que vai redigindo as crónicas e os poemas”, acrescentou.
O livro, de 200 páginas, segundo autor, traz também nomes da região da guerra como Kiev, Mariupol a Zaporizhzhia, de Mykolaiv a Khmelnytsky, a geografia e os campos de batalha, as frentes, as vitórias e as derrotas, os nomes todos dos mísseis, dos caças, dos rockets, dos blindados, os carros de luta, os amores e as paixões, mas sempre com um envolvimento de Cabo Verde.
Jorge Carlos Fonseca, 74 anos, jurisconsulto e ex-Presidente da República, conta até ao momento com 27 livros publicados. “Porcos em Delírio”, “O albergue espanhol”, “A Sedutora Tinta de Minhas Noutes”, “A Grua e Musa de Mãos Dadas” são algumas das suas obras não jurídicas.
