“Escritos Ucranianos” de Jorge Carlos Fonseca lançado hoje na Praia

PorAntónio Monteiro,4 out 2023 10:32

“Escritos Ucranianos”, a mais recente obra do poeta e ex-Presidente da República é lançada esta quarta-feira, na Biblioteca Nacional. A apresentação estará a cargo de Hermano Lopes da Silva e de Manuel Varela Neves. O livro de 220 páginas já foi apresentado no Sal, no mês de Junho, no âmbito do “Festival de Literatura Mundo” pelo escritor e jornalista Joaquim Arena e depois em Lisboa pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e por José Eduardo Cunha, crítico literário e poeta cabo-verdiano. Depois da Praia, o autor manifestou o interesse em apresentar o seu livro em outras ilhas de Cabo Verde.

A ideia de escrever este livro, conforme o autor, surgiu durante um almoço-convívio com um grupo de amigos, em Boca de Coruja, na ilha de Santo Antão, em Março de 2022. “Duas semanas antes dera-se a ilegítima e brutal invasão da Ucrânia pela Rússia, evento que alimentou, e de que maneira, aquelo repasto”, escreve Jorge Carlos Fonseca na nota explicativa.

Mas, apesar do ucraniano título, e de o conflito armado na Ucrânia ser o ponto de partida para a escrita do livro, e de os 100 fragmentos estarem interligados pela referência ao conflito, Jorge Carlos Fonseca afirmou ao Expresso das Ilhas que com a sua sétima obra literária, “Escritos Ucranianos” sempre pretendeu escrever literatura, portanto textos literários.

"Pretendi escrever um livro que tivesse por base esse conflito, essa ilegítima e brutal guerra de agressão, mas um livro literário e não um ensaio ou um manifesto político. Entretanto o ponto de partida, o leitmotiv, é a invasão da Rússia à Ucrânia e assumi a minha posição clara, desde o início, da condenação deste acto que constitui uma violação evidente da Carta das Nações Unidas e dos princípios do Direito Internacional que é de um país invadir um outro sem qualquer justificação”, considera.

"O ponto de partida é esse, mas procurei escrever em 100 fragmentos um texto literário. Portanto, escrevi literatura, em poesia, em prosa dita poética, em pequenas ou microcrónicas, num estilo que dá continuidade às minhas últimas obras literárias: O Albergue Espanhol; Em tempo de Natal e da Morna, a mosca viajou gratuitamente na executiva e A Grua e a Musa de Mãos Dadas".

Trata-se, como explica o autor, de um estilo híbrido, eivado de muita intertextualidade, com diálogos entre escritores, personagens literárias, com referências a Rimbaud, Lautréamont, Pessoa, Borges, mas também com nossos poetas como Mário Fonseca, Arménio Vieira e também à música.

"Portanto é um livro que fala do conflito, mas com uma referência a Cabo Verde, às nossas ilhas. O livro é um conjunto de textos que tem por base a invasão da Rússia à Ucrânia como uma espécie de pretexto para o exercício de escrita literária e que também fala muito da realidade cabo-verdiana e dos nossos problemas sociais".

Depois da Praia, esta quarta-feira, Jorge Carlos Fonseca manifestou o interesse em apresentar o seu mais recente livro em outras partes do país. “Como sabe, o livro foi apresentado em primeira mão na ilha do Sal. Depois foi apresentado no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, em que os apresentadores eram José Cunha e Marcelo Rebelo de Sousa. Passo hoje para a Praia, mas gostaria de apresentá-lo em outras partes do país, nomeadamente em Santo Antão, como um acto simbólico, pois a ideia do livro surgiu em Boca de Coruja, gostaria de fazer a apresentação proximamente ali perto, por exemplo, na Ribeira Grande. Fazê-lo em Santo Antão, naturalmente fá-lo-ia no mesmo período na Cidade do Mindelo. Espero fazê-lo em Outubro, o mais tardar em Novembro, nestas duas ilhas.

“Não escrevo pensando em prémios literários”

O jurisconsulto e ex- Presidente da República já publicou um total de 27 livros, entre obras jurídicas, literárias e de outro cariz. “Escritos Ucranianos” (Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2023) é a sétima obra literária do escritor, depois de “A Grua e a Musa de Mãos Dadas” (Editorial Novembro, 2021), “O Silêncio Acusado de Alta Traição e de Incitamento ao Mau Hálito Geral” (Spleen Edições, 1995), “Porcos em Delírio” (Artiletra, 1998), “O Albergue Espanhol” (Rosa de Porcelana Editora, 2017), “A Sedutora Tinta de Minhas Noutes” (Rosa de Porcelana Editora, 2019) e “Em Tempo de Natal e da Morna, a mosca viajou gratuitamente na executiva” ( 2020).

Embora reconhecendo não ser um escritor muito premiado, a obra literária de Jorge Carlos Fonseca já foi distinguida com prémios literários nacionais e internacionais. O escritor recorda que ainda muito jovem foi-lhe atribuído o segundo prémio ex-aequo com o poeta e escritor Oswaldo Osório, nos Jogos Florais de 1976, o que, nas suas palavras, apagou-lhe o receio de dar à estampa aquilo que ia escrevendo.

“Depois disso o meu livro O Albergue Espanhol foi semi-finalista do Prémio Oceanos, em 2018, e ainda há dois anos fui agraciado no Festival Literário de Freixo de Espada à Cinta (Portugal) com o Prémio Literário Guerra Junqueiro. Mas eu não escrevo pensando em prémios literários e creio que não há ninguém que escreva pensando em ganhar prémios literários", considera.   

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:António Monteiro,4 out 2023 10:32

Editado porSara Almeida  em  7 mai 2024 23:28

pub.

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.