Conforme o alinhamento divulgado pela Câmara Municipal de São Vicente o certame será aberto às 21:30 desta quinta-feira com a actuação da cantora brasileira Ivete Sangalo, seguindo-lhe o artista MC Acondize.
Na sexta-feira, sobem ao palco as Divas do Mindelo (Brethânia Almeida, Jennifer Soledade, Diva Barros e Ceuzany) seguidas de um dos fundadores do festival Vlú & Banda e também Marisia e Johnny Ramos, TAYC e T-REX.
A noite de sábado será aberta pelo projecto Lisbon Street (Nhone Lima, Constantino Cardoso, Edson Oliveira, Carmem Silva, Rui de Bitina e Gai Dias), seguidos dos artistas Denis Graça, Dino D’Santiago, Ritchie Campbell e The 911 Band, e Djodje.
No domingo, último dia do festival, o palco abre já às 18:00 com o grupo The Kings e Dudu Araújo, seguidos do projecto Zouk Hit (Harry Dibola, Francky Vincent, Phil Control e Jamice) seguidos de Romain Virgo, C4 Pedro e Elji Beatzkilla que encerra a edição comemorativa deste evento musical.
18 e 19 de Agosto de 1984
O Festival da Baía das Gatas que este ano assinala o seu 40º aniversário teve início Agosto de 1984. Realiza-se deste então anualmente na zona balnear do mesmo nome a 8 quilómetros da Cidade do Mindelo. Na primeira edição atuaram os seguintes músicos e agrupamento musicais:
Sábado, 18: Gota d’Aga, Gotinha, Cesária Évora, Jon Lino, Sana Peppers, Adão Fidalgo, Lázaro, Vlú, Júlio Silva, Panai, Djô Cabelo, Häkan, Kings, Dany Mariano, Cubala, Vikings, Deolinda e Wings.
Domingo, 19: Vlú, Djô d’Eloy, Djô Pedro, Pinúria, Lucas, Carlos Castro, Júlio Silva, Alegoria do Mindelo, Zeca e Zequinha Magra, Arco Íris, Progresso, Gaiados, Kings e Gota d’Aga.
No seu livro Kab Verd Band AZ – Música & Tradições o jornalista e investigador Carlos Filipe Gonçalves, cita o músico e compositor Vasco Martins que conta nestes termos a génese do considerado maior festival de música de Cabo Verde.
“No mês de Julho de 1984, passava em S. Vicente o filme Woodstock. Eu, o Kuk’s, (Pedro), o Vestra (Silvestre Morais) e o Tchongas (Barbosa), estávamos na praia da Laginha e surgiu a ideia de fazer um festival em que pudessem participar todos os músicos cabo-verdianos e não só. Como a Praia da Laginha era pequena foi sugerida a Baía das Gatas”.
Carlos Gonçalves cita igualmente Valdemiro Ferreira (Vlú) que recorda que o festival só se realizou devido “à irreverência de um grupo de jovens, entre eles, músicos sonantes de S.Vicente: ele (Vlú); Vasco Martins; Dany Mariano; Voginha; Bulimundo; Zé Luís (Pinúria); Tey Santos entre outros”.
Apesar do pouco tempo para a sua realização foram ultrapassados todos os obstáculos e com muito improviso realizou-se nos dias 18 e 19 de Agosto o primeiro Festival da Baía das Gatas inspirado no Woodstock norte-americano, “com um orçamento irrisório de 180 contos e uma aparelhagem com a potência de 150 Watts. Uma iniciativa assumida pela Galeria Nhô Djunga. O primeiro festival durou 48 horas e moldou um tipo de programação que praticamente não mudou até hoje”, considera Carlos Gonçalves.
De facto, volvidos quarenta anos da sua primeira edição, o festival realiza-se anualmente no mês de Agosto e nos mesmos moldes.
Só não se realizou em 1995 devido à epidemia da cólera e em 2020 e 2021 teve apenas transmissão online por causa da Covid-19.
A evolução do Festival
Devido ao curto espaço de tempo entre o lançamento da ideia, (em Julho de 1984) e a sua realização, na segunda metade do mês de Agosto do mesmo ano, a primeira edição do festival decorreu sob o signo da improvisação. Já na segunda edição do festival (1985) foram corrigidos os erros e falhas e lançadas as bases das futuras edições.
A partir de então o festival ganhou corpo, passando a ser realizado todos os anos, sempre com melhorias significativas, tanto da organização como como nas infraestruturas de apoio ao evento, escreve Carlos Gonçalves.
“Com o passar dos anos começou a internacionalização do evento. Com a presença de músicos estrangeiros e cabo-verdianos residentes no estrangeiro. Igualmente o evento passou a atrair muitos turistas estrangeiros. A Baía das Gatas transforma-se então numa grande Babel musical em terras de Cabo Verde e passa a construir um palmarés da carreira musical dos nossos artistas”, lê-se no Kap Verd Band AZ no capítulo dedicado aos festivais de música cabo-verdianos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1185 de 14 de Agosto de 2024.