Com martelo numa mão e pregos na outra a improvisar uma tenda de paletes e sacos, eis como a Inforpress hoje encontrou o Vicente no areal da Baía das Gatas, que afirmou fazer jus ao nome e à sua data de nascimento, 22 de Janeiro, dia em que se comemora o município de São Vicente.
Como um “sanvicentino de gema e com festival no sangue”, garantiu, sem rodeios, que o Festival da Baía das Gatas é uma das suas “melhores festas”, a ponto de não ter perdido uma edição desde que se conhece por gente, nos seus 42 anos.
Daí o esforço para estar no areal o mais cedo possível e colocar a sua tenda o mais perto do palco e aproveitar ao máximo o festival e a praia da Baía das Gatas, de onde não tem data para sair e voltar para casa, no centro da cidade, “talvez no dia que Deus quiser”, brincou.
Assim como a tenda improvisada do Vicente, já são várias a ocupar o areal da Baía das Gatas, que também recebe os últimos preparativos em várias frentes, com homens a trabalhar na pintura das bermas de estradas, instalação do parqueamento de viaturas, de barracas para comes e bebes, saneamento, preparação do som, sinalização vertical e horizontal e fiscalização de todos os pormenores.
Aliás, o vereador de Fiscalização, Ambiente e Saneamento, José Carlos da Luz, garantiu à Inforpress estar “praticamente tudo a postos” para o arranque da 40.ª edição do certame na quinta-feira, 15, a primeira que se vai prolongar por quatro dias.
A mesma fonte explicou que a Câmara Municipal de São Vicente manteve “quase a mesma a organização” do ano passado, não obstante alguns “aprimoramentos" como das barracas mais pequenas, que foram entregues com a estrutura completa, e agora cabe aos donos somente a responsabilidade da cobertura.
Mais ainda, completou, a conhecida “zona de balaios” para venda ambulante, também conta neste ano com melhor disposição, com cada unidade a ter o seu compartimento próprio.
No total, o Festival Baía das Gatas deverá receber, no espaço reservado para comércio, 12 barracas/restaurantes, 80 barracas de menor porte, 15 roulottes e 40 balaios, especificou José Carlos da Luz.
Quanto à possibilidade de riscos com a chuva, o vereador assegurou que já foram feitos trabalhos de correcção torrencial e drenagem pluvial, por isso, considerou, “não será este o factor a perigar a realização do festival”.
“Estamos atentos para que tudo corra bem neste que é um dos maiores festivais de Cabo Verde e quiçá do mundo, e que não se faz somente com o cartaz, mas também com todo um conjunto de pormenores”, sublinhou.
José Carlos da Luz aproveitou o ensejo para apelar à população que colabore com a câmara municipal para o “sucesso do evento”, tanto na questão de segurança, mas também de saneamento do espaço, que vai ter reforço de banheiros químicos e contentores de lixo.
Quanto às atrações do palco, o evento está marcado para iniciar na quinta-feira, 15, com uma das cabeças de cartaz, a brasileira Ivete Sangalo, e termina no domingo, 18, com Elji Beatzkilla.
Por estes dias, desfilam cerca de três dezenas de artistas e grupos, nacionais e estrangeiros.
O Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, que este ano celebra os 40 anos, teve a primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984.
É realizado anualmente na praia da Baía das Gatas, a oito quilómetros da cidade do Mindelo, e não se realizou ali apenas em 1995, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde, e nos anos 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, em que se concretizou o evento no formato online.
Anualmente, a Câmara Municipal de São Vicente, que organiza o certame, reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachê de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro, mas “o grosso do montante” para suportar o evento, de acordo com a autarquia, provém de patrocínios de empresas e outras instituições.