A obra, segundo uma nota enviada, chama a atenção pela forma intensa com que a autora retrata os casos de abusos sexuais e da exploração infantil. “A autora cria um enredo profundo, que não só denuncia, mas também propõe uma reflexão sobre as cicatrizes invisíveis deixadas por tais experiências. Na obra, a história acontece principalmente na ilha de São Vicente”.
Neste livro, a autora fala sobre a necessidade de exterminar a violação sexual e critica a mão leve da justiça cabo-verdiana quando se trata de punir este crime.
A mesma fonte explica que Florizandra Porto aprofunda as complexas relações e realidades vividas pelas vítimas e aborda temas actuais vividos no arquipélago de Cabo Verde, como pobreza, abandono, irresponsabilidade parental, VBG, prostituição, alcoolismo, entre vários outros.
“Ao tocar no tema da prostituição, o livro propõe uma análise crítica e empática, que leva o leitor a repensar as normas sociais e a compreender as múltiplas dimensões da prostituição nas ilhas de Cabo Verde”, indica.
Conforme refere, mais do que um desafio ou uma provocação, “Vendedeiras de Prazer” é uma leitura necessária numa sociedade que ainda marginaliza e criminaliza as escolhas dessas mulheres, para quem a vida, por vezes, foi dura e que, tal como todas as mulheres, merecem admiração, amor e respeito.
Nas palavras da autora, “Vendedeiras de Prazer” conta a história de muitas meninas que lutam e labutam na praça, à procura de parceiros e de sustento. Mulheres essas que são meras vítimas da miséria social, do abandono, do maltrato e da violação.
Nascida em Cabo Verde, na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, Florizandra Porto é escritora e poetisa e professora do Ensino Básico Obrigatório.
Florizandra Porto fez os estudos primários e secundários na sua ilha natal. Formou-se em Educação de Infância na Escola de Formação de Professores no Instituto Pedagógico da Praia e licenciou-se em Ensino Básico, Língua Portuguesa e Estudos Cabo-Verdianos pela UNICV-FAED.
Em 2012, foi uma das integrantes do fanzine de poesia e banda desenhada “Banda Poética”.
Em Junho de 2015, lança a primeira obra literária, o livro infantojuvenil “O melhor amigo”.
Foi coautora das antologias de histórias carnavalescas e de assombração “Ninguém leva a mal” e “Sexta-feira 13”, da editora Sui-generis, Lisboa em 2017.
Em 2021, arrebatou o 1º e 3º prémio do Concurso Dramaturgia “Festival de Teatro do Atlântico, TEARTI”, Cabo Verde.
Actualmente vive em Portugal, onde lançou a sua recente obra “Vendedeiras de Prazer”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1207 de 15 de Janeiro de 2025.