Estávamos nos finais de Maio e havíamos decidido que as primeiras competições nacionais oficiais de xadrez seriam os Campeonatos de partidas rápidas e semi-rápidas.
Montar toda a logística para receber cerca de 40 xadrezistas de várias ilhas, a grande maioria deles sem nunca ter participado numa competição oficial e fazer funcionar uma organização sem experiência, era um desafio significativo.
O risco estava assumido e o comboio, que já estava em marcha, não poderia ser parado, nem mesmo o falecimento em Portugal de um ente muito querido, travou esse andamento.
O stress e a ansiedade que me foram invadidindo não foram suficientes para impedir o rigor que tento imprimir naquilo que organizo. O resultado viu-se no fim: um sucesso elogiado por grande parte dos participantes.
A estes primeiros campeonatos nacionais de xadrez, outros se seguiram.
Já foram mais de uma dúzia desde essa altura e como é natural, com a experiência, os níveis de ansiedade e stress tendem a diminuir, pois os processos começam a ser repetitivos e a “máquina” a ficar “oleada”.
Então se assim é, porque é que nestes momentos que antecedem a realização do CNIA 2020 me me estou a sentir como na altura dos primeiros campeonatos? Pelo simples motivo que este CNIA também irá ser uma primeira competição.
Depois de terem sido canceladas e suspensas, devido pandemia do COVID-19, todas as actividades desportivas em território nacional, a prova rainha do xadrez nacional irá assinalar o regresso das competições nacionais presenciais. Ou seja, este CNIA 2020 será a primeira prova desportiva nacional que irá enfrentar os rigores que esta pandemia nos impõe, facto pelo qual nos vemos obrigados a cumprir um plano de contingência sanitária e onde serão executados vários procedimentos que pretendem mitigar os riscos de contágio.
É natural pois que o stress e a ansiedade voltem a atingir níveis experimentados nas nossa primeiras competições oficiais.
Sem a presença de público, com o uso obrigatório de máscara, distanciamento social e outros procedimentos, durante 7 rondas, a partir de Quinta-feira até Domingo, a sala de conferências da Câmara do Comércio do Barlavento, na cidade do Modelo, acolherá os 20 participantes inscritos nesta edição de apuramento do nosso campeão nacional individual de xadrez.
Sabemos que muitos olhos estarão voltados para esta competição, não só em terras crioulas, como por outras paragens e por isso estamos a esforçar-nos para que tudo aconteça na perfeição e sem incidentes e que no próximo Domingo, além de conhecermos o nosso novo Campeão Nacional, possamos dizer que estivemos à altura do desafio.
É claro que haverá muitas cabeças que desejarão o contrário, pois como não têm obra e invejam quem a faz esperam sempre que os obreiros se estatelem para os poderam pontapear, tal qual os cobardes que apunhalam, pelas costas, os seus opositores.
Esta competição irá ser transmitida para o mundo inteiro através da internet (pelos menos as 4 primeiras mesas), com as principais plataformas mundiais de xadrez a associarem-se ao nossa humilde Campeonato Nacional.
Na Chess 24 o link de acesso é
https://chess24.com/en/watch/live-tournaments/cape...
No ChessBase pode acessar através de http://live.chessbase.com/watch/4th-Cap-Verde-ch-...
E no Follwchess o acesso faz-se através do endereço
https://live.followchess.com/#!4th-cape-verde-chp-...
Os resultados de todo o torneio podem ser acompanhados na ChessResults em http://chess-results.com/tnr534842.aspx?lan=10
Em sorteio, realizado na segunda-feira passado, e transmitido em directo no facebook, dicou determinado que na mesa 1, o jogador com Rating mais elevado, jogará de brancas.
Resta-nos esperar que seja uma grande competição e que quando se fechar o pano sobre este CNIA possamos também dizer que cumprimos e valorizamos a modalidade.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 985 de 14 de Outubro de 2020.