Quais as datas de realização desta competição e que eventuais novidades ela nos trás?
A primeira grande novidade é que este ano voltamos ao formato anterior, ou seja, duas fases: preliminar e final. A fase preliminar decorrerá de 24 a 26 de Setembro na cidade do Mindelo e a fase final está agendada para se realizar de 15 a 21 de Novembro em local ainda a designar. A outra grande novidade é que na fase final passamos de 6 finalistas apurados para 8. Relembro que na 1.ª edição estiveram presentes, num único torneio, os 5 campeões regionais e o melhor Elo da altura. A 2.ª edição já surgiu com o formato das 2 fases, apurando-se para a final o campeão em título, os 2 melhores Elos do momento e os 3 primeiros classificados na fase preliminar. Na 3.ª edição, os procedimentos de apuramento para a fase final foram semelhantes aos da edição anterior. No entanto, como este torneio decorreu em S. Nicolau, a FCX acrescentou mais 2 vagas de forma a poder contemplar 1 jogador oriundo da ilha anfitriã. A outra vaga, reservada para nossa escolha, foi ocupada por um jogador que na altura estava no top do Elo Nacional não tendo sido apurado automaticamente porque no mês anterior á realização da prova, tinha completado 1 ano sem competir, colocando inactivo o seu ranking. O jogador ainda tentou participar no regional da sua ilha de residência, mas foi impedido á última da hora. O interesse da FCX é qualificar cada vez mais as suas competições, por isso não hesitou em nomeá-lo, mostrando-se uma decisão acertada pois se ele tivesse vencido a última partida tinha sido o Campeão Nacional de 2019. A edição do ano passado, por causa da pandemia, realizou-se num único torneio, aberto. Assim, para a edição deste ano, além do Campeão Nacional em título e dos 3 melhores classificados da preliminar, apuram-se também para a fase final, os 3 melhores rankings (em vez dos 2 melhores nas edições anteriores) e o vencedor da Taça de Cabo Verde.
Mas há mais duas vagas reservadas para a FCX. Quais os critérios para sua utilização?
Na verdade, podem até não ser utilizadas, conforme determina o regulamento. Devemos centrar-nos no foco e não em questões acessórias. E o foco, o essencial, é que haverá mais 2 vagas na fase final e a FCX irá fazer um esforço financeiro extra para que isso aconteça.
Relativamente a essas 2 vagas, quem ler com atenção o regulamento percebe porque é que elas lá estão, pois são um factor de negociação da FCX para com eventuais parceiros ou patrocinadores. A FCX neste momento ainda não tem parceiro nem patrocinador para a final por isso colocou estas 2 vagas. Se por exemplo uma Câmara Municipal estiver interessada em levar a competição para o seu concelho, não faz sentido negociar a certeza que terá na competição um jogador da “casa”? Tomamos de exemplo a Fase Nacional da Taça de Cabo Verde que se realizou com a parceria da Câmara da Ribeira Grande, se fosse a fase final do CNIA não faria todo o sentido garantir a presença de 1 ou 2 jogadores de St. Antão? Ou se houver um patrocinador que diga, por exemplo, que só patrocina se a final tiver 2 jovens. Ou 2 jogadoras do sexo feminino. Essas 2 vagas estão lá exactamente para isso: para que a FCX tenha maior poder de negociação. Tudo o que se disser em contrário é pura má fé.
Se uma Câmara Municipal, de uma região onde não ainda exista Associação de Xadrez, quiser ter a final no seu concelho, como poderá lá ter um jogador seu?
Basta filiá-lo directamente na FCX se não quiser fazê-lo através do clube de uma outra região. Isso está previsto no Regulamento de Filiações e Competições da FCX. Depois é um processo negocial, obvio e de forma a não desvirtuar a competição e os seus objectivos.
Pode um jogador estrangeiro ser campeão nacional?
Desde que esteja registado na FIDE (Federação Internacional de Xadrez) com a bandeira de Cabo Verde, pode. Mas nesta situação, actualmente, só temos 2 ou 3 atletas: O Mestre Mariano, a esposa Célia e um português residente no Sal (não sei se não terá já a nacionalidade cabo-verdiana). Todos ou outros são cabo-verdianos, alguns com dupla nacionalidade, mas isso não lhes retira a nacionalidade crioula. Eventualmente, poderíamos regulamentar que só os cidadãos nacionais poderiam ser campeões nacionais, mas isso tornava-se num contrassenso, pois se o Mestre Mariano está apto, regulamentarmente, a representar Cabo Verde e se nos orgulha sendo o n.º 8 do ranking africano (único jogador da CPLP a fazer parte do Top 10 no seu Continente), quanto a mim, não faria qualquer sentido estar a excluí-lo do título nacional. Se os cabo-verdianos na diáspora “clamam”, e muito bem, a inclusão nos países de acolhimento, então faria algum sentido, aqui no nosso território, fomentar a exclusão? Parece-me evidente a resposta.
Além do CNIA, a FCX prevê realizar, este ano, mais alguma competição?
Estamos a prever, em Dezembro, por altura das férias do Natal, realizar os Campeonatos Nacionais de Jovens, prova que temos vindo a adiar sucessivamente, principalmente por causa da pandemia e das dificuldades inerentes por ser uma competição que abrange jogadores de tenra idade e cuja logística acaba por ser um pouco diferente das outras competições.
E competições internacionais?
Competições "over the board", este ano, não temos previsto qualquer participação internacional. No online, já é diferente, depois na nossa participação nos campeonatos africanos e na pré-qualificação para a Taça do Mundo, estamos a preparar-nos para participar na 2.ª Olimpíada Online que decorrerá a partir deste mês de Agosto.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1027 de 4 de Agosto de 2021.