Por desconhecer o mundo árabe, as interpretações são muitas vezes rasas e superficiais. Como posso tecer opiniões sobre uma matéria sem antes interpretá-la? Como abordar qualquer tipo de religião sem conhecer o contexto histórico, teológico e cultural de um determinado povo?
A única radicalização que posso apontar neste caso, são de determinados indivíduos que, muitas vezes pela centralidade e até fanatismo apenas numa igreja, crê ser a única religião, desconhece os conceitos entre igreja, ceita e religião, radicalizando todos os outros tipos de manifestações religiosas.
A radicalização nasce pela ignorância (desconhecer) de um determinado contexto, vista por outros, etnocentricamente, tendo a sua cultura como superior aos demais.
Posso concluir que a grande massa funciona desta forma! Tristes Almas!
Deixando o contexto cultural de parte e entrando no campo desportivo, alguns são os profissionais cabo-verdianos que têm aventurado neste país do médio oriente. Os motivos para esta deslocação centro-periferia, estão relacionados com o mercado profissional saudita. Oferecem o prémio de assinatura e vencimento muito superior aos campeonatos periféricos europeus, onde estão os melhores atletas profissionais cabo-verdianos.
Estando os atletas, numa fase intermédia ou em vias de abandonar o futebol (dos 27 aos 35 anos) procuram melhores condições contratuais e consequentemente económicas, preterindo da visibilidade dos campeonatos centrais da Europa, garantindo uma melhor reforma.
De acordo com algumas pesquisas, a partir do final da segunda década dos anos 2000 (2018), registou-se um interessante fluxo migratório de atletas cabo-verdianos para a Arábia Saudita.
Senão vejamos:
O antigo internacional cabo-verdiano Gegé, imigrou em representação de Al Fayha, onde atuou um total de 59 jogos em 3 épocas.
Em seguida, um outro internacional cabo-verdiano, Nhuk ou Heldon Ramos, representou o Al Taawon por 2 temporadas atuando por 57 vezes, tendo transferido pela segunda vez, para um outro clube da primeira liga saudita de nome Al Orobah, depois de estar nos Emirados Árabes Unidos.
Júlio Tavares, o melhor marcador da história do Dijon da Primeira Liga Francesa de Futebol e também internacional Tubarão Azul, chegou ao Al Faisaly para representar o clube da Primeira Liga e notabilizou em duas épocas com 40 golos (19 no primeiro e 11 no segundo), restabelecendo o record de melhor marcador cabo-verdiano de sempre daquele campeonato e no médio oriente. Nesta presente época, o avançado transferiu para o Al Read e já leva 1 golo em 6 jogos.
Ainda, Zé Luís, o avançado que dispensa apresentações, esteve, contudo, de forma fugaz naquele país, muito devido às sucessivas lesões, atuando apenas por 8 partidas e marcando por uma única vez.
Por fim, e não menos importante, Bruno Landim, na modalidade de andebol. Depois da excelente atuação no último campeonato africano de andebol que levou Cabo Verde à final, garantiu uma transferência do SC Horta para Al Taraji, clube da Primeira Liga Saudita de andebol.
Ilações
Pode-se notar que em média, os jogadores apresentam um registo de 32 anos, logo, conclui-se que migraram devido à reforma.
Comprova-se também o nível qualitativo crescente dos nossos profissionais, pois o campeonato saudita procura atletas com um vasto percurso europeu para representar os seus clubes locais.
Depara-se também que, na realidade cabo-verdiana, todos estes jogadores devem ser vistos e enquadrados a nível laboral, como profissionais de alto nível, devido à procura e ao fato de valerem salários discrepantes em relação aos demais profissionais nacionais neste sector e em outras áreas de atividades.
Por fim, e não menos importante é o fato de todos serem Tubarões Azuis ou ex. internacionais por Cabo Verde, valorizando o atleta nacional e abrindo espaços para outros profissionais no futuro.
Carpe Diem.