Na sua mensagem de despedida, Trovoada transmitiu enorme gratidão pela experiência de liderar os “Tubarões Azuis” da modalidade.
“Tenho uma gratidão profunda por todos vocês. Como sabem, hoje é o meu último dia, já estava programado que este Afrobasket seria assim. Sou muito grato pela oportunidade dada a este jovem que partiu de Benguela (Angola) com o sonho de ser treinador. Juntos sonhámos, juntos planeámos e juntos lutámos. Tenho a certeza de que Cabo Verde sai daqui mais forte”, disse na conferência de imprensa após o jogo.
O técnico realçou ainda a relevância do percurso da selecção nacional e o aprendizado retirado da prova. “Angola, ao vencer dessa forma, ainda nos acrescenta mais valor”, frisou.
No adeus, Emanuel Trovoada lembrou o apoio da família, a quem deixou palavras de reconhecimento.
“Obrigado, um bem-haja a todos, à minha família, mulher, mãe e filhas, por esse acompanhamento e por todos estes anos. Estou aqui neste momento, mas tenho as minhas ideias claras. Voltarei mais forte, para fazer aquilo que mais amo e que é a minha vida: o basquetebol”, afirmou.
O treinador deixa em aberto novos rumos, prometendo regressar ao desporto que o inspira com renovada determinação.
“Desde 1999 um menino de Benguela chegou a Cabo Verde em busca de um sonho. Um sonho distante, mas que com esforço, dedicação e paixão imensa pelo basquetebol, se tornou realidade”, escreveu a Federação Cabo-verdiana de Basquetebol, nas redes sociais.
Segundo a federação, esse Mané Trovoada fez mais do que orientar uma selecção: inspirou gerações, mudou vidas e escreveu uma das páginas mais marcantes do desporto cabo-verdiano.
“Foi ele quem acreditou quando poucos acreditavam, quem lutou quando parecia impossível e quem colocou Cabo Verde no topo de África e no mapa mundial. A sua voz guiou, o seu exemplo educou e o seu coração pulsou sempre azul, provando que os sonhos podem ser alcançados com amor e entrega”, assinala.
A federação acrescenta que Mané deixa um legado inesquecível. “Hoje despedimo-nos de um líder, mas também celebramos um legado eterno. Muito obrigado Coach por todos estes anos de dedicação e apoio aos jovens. Sai aquele que foi o maior e melhor treinador a comandar uma selecção cabo-verdiana na história do desporto nacional”.
Mané participou nos grandes marcos do basquetebol do país. O ano de 2007 foi histórico: sob sua direcção, a selecção conquistou a medalha de bronze no Afrobasket em Angola, garantindo o acesso ao torneio pré-olímpico.
Em 2008 deixou o cargo e regressou a Angola, onde orientou e coordenou o projecto do Clube Desportivo da Huíla.
Em Julho de 2016 esteve em Cabo Verde num programa de “Caça Talentos”, visando descobrir jovens promissores.
Em Novembro de 2017 reassumiu oficialmente a selecção masculina como técnico principal e coordenador de formação, com contrato até 2020, e a meta de criar uma base sólida em todo o país, com clínicas e campos para técnicos e atletas.
Em 2023 voltou a fazer história, conduzindo Cabo Verde à inédita qualificação para o Campeonato do Mundo, tornando-se a menor nação a conseguir esse feito.
Em Fevereiro de 2025, Cabo Verde garantiu a presença no Afrobasket e Trovoada expressou orgulho no desempenho da equipa. Nesta edição em Angola, levou o país aos quartos de final, onde perdeu frente a Angola.
Com emoção, Emanuel Trovoada despediu-se da selecção nacional durante a conferência de imprensa após o jogo.
Tubarões ficaram pelos quartos de final
A selecção cabo-verdiana foi eliminada do Afrobasket 2025, na quinta-feira, 21, após perder por 90-80 frente a Angola, em jogo dos quartos-de-final no Pavilhão Multiusos de Luanda.
Antes, Cabo Verde tinha afastado a Tunísia, campeã africana em título, nos oitavos-de-final, com uma vitória clara por 87-54.
Na fase de grupos, venceu a RD Congo (75-66), perdeu com a Costa do Marfim (81-82) e derrotou o Uganda (75-66).
O Afrobasket’2025 realizou-se em Luanda, Benguela e Namibe.
Cabo Verde regressou assim ao país onde, em 2007, conquistou a medalha de bronze, a melhor classificação da sua história, e onde, em 2023, garantiu a qualificação inédita para o Mundial de Basquetebol.
Edy Tavares fala de momentos de injustiça no Afrobasket
O internacional cabo-verdiano Edy Tavares escreveu nas redes sociais que o torneio foi duro e marcado por injustiças.
“Foi uma competição muito difícil, com momentos de injustiça que custaram, mas nunca deixámos de lutar”, frisou, dizendo que saíram com orgulho e de cabeça erguida pelo grupo que deu tudo.
O jogador agradeceu o apoio do povo. “Obrigado à nossa gente por estar connosco em cada passo, nos bons e nos maus momentos. Esta seleção tem alma e vamos regressar mais fortes. Undi tem união, tem vitória”.
*Com RCV
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1239 de 27 de Agosto de 2025.