Mané Trovoada, o homem que levou Cabo Verde ao topo do basquetebol africano

Por*Dulcina Mendes,31 ago 2025 10:54

O treinador Emanuel Trovoada anunciou na semana passada, a sua saída do comando da selecção nacional de basquetebol, após a eliminação de Cabo Verde nos quartos-de-final do Afrobasket 2025, pondo fim a um ciclo de oito anos à frente da equipa.

Na sua mensagem de despedida, Trovoada transmitiu enorme gratidão pela experiência de liderar os “Tubarões Azuis” da modalidade.

“Tenho uma gratidão profunda por todos vocês. Como sabem, hoje é o meu último dia, já estava programado que este Afrobasket seria assim. Sou muito grato pela oportunidade dada a este jovem que partiu de Benguela (Angola) com o sonho de ser treinador. Juntos sonhámos, juntos planeámos e juntos lutámos. Tenho a certeza de que Cabo Verde sai daqui mais forte”, disse na conferência de imprensa após o jogo.

O técnico realçou ainda a relevância do percurso da selecção nacional e o aprendizado retirado da prova. “Angola, ao vencer dessa forma, ainda nos acrescenta mais valor”, frisou.

No adeus, Emanuel Trovoada lembrou o apoio da família, a quem deixou palavras de reconhecimento.

“Obrigado, um bem-haja a todos, à minha família, mulher, mãe e filhas, por esse acompanhamento e por todos estes anos. Estou aqui neste momento, mas tenho as minhas ideias claras. Voltarei mais forte, para fazer aquilo que mais amo e que é a minha vida: o basquetebol”, afirmou.

O treinador deixa em aberto novos rumos, prometendo regressar ao desporto que o inspira com renovada determinação.

“Desde 1999 um menino de Benguela chegou a Cabo Verde em busca de um sonho. Um sonho distante, mas que com esforço, dedicação e paixão imensa pelo basquetebol, se tornou realidade”, escreveu a Federação Cabo-verdiana de Basquetebol, nas redes sociais.

Segundo a federação, esse Mané Trovoada fez mais do que orientar uma selecção: inspirou gerações, mudou vidas e escreveu uma das páginas mais marcantes do desporto cabo-verdiano.

“Foi ele quem acreditou quando poucos acreditavam, quem lutou quando parecia impossível e quem colocou Cabo Verde no topo de África e no mapa mundial. A sua voz guiou, o seu exemplo educou e o seu coração pulsou sempre azul, provando que os sonhos podem ser alcançados com amor e entrega”, assinala.

A federação acrescenta que Mané deixa um legado inesquecível. “Hoje despedimo-nos de um líder, mas também celebramos um legado eterno. Muito obrigado Coach por todos estes anos de dedicação e apoio aos jovens. Sai aquele que foi o maior e melhor treinador a comandar uma selecção cabo-verdiana na história do desporto nacional”.

Mané participou nos grandes marcos do basquetebol do país. O ano de 2007 foi histórico: sob sua direcção, a selecção conquistou a medalha de bronze no Afrobasket em Angola, garantindo o acesso ao torneio pré-olímpico.

Em 2008 deixou o cargo e regressou a Angola, onde orientou e coordenou o projecto do Clube Desportivo da Huíla.

Em Julho de 2016 esteve em Cabo Verde num programa de “Caça Talentos”, visando descobrir jovens promissores.

Em Novembro de 2017 reassumiu oficialmente a selecção masculina como técnico principal e coordenador de formação, com contrato até 2020, e a meta de criar uma base sólida em todo o país, com clínicas e campos para técnicos e atletas.

Em 2023 voltou a fazer história, conduzindo Cabo Verde à inédita qualificação para o Campeonato do Mundo, tornando-se a menor nação a conseguir esse feito.

Em Fevereiro de 2025, Cabo Verde garantiu a presença no Afrobasket e Trovoada expressou orgulho no desempenho da equipa. Nesta edição em Angola, levou o país aos quartos de final, onde perdeu frente a Angola.

Com emoção, Emanuel Trovoada despediu-se da selecção nacional durante a conferência de imprensa após o jogo.

Tubarões ficaram pelos quartos de final

A selecção cabo-verdiana foi eliminada do Afrobasket 2025, na quinta-feira, 21, após perder por 90-80 frente a Angola, em jogo dos quartos-de-final no Pavilhão Multiusos de Luanda.

Antes, Cabo Verde tinha afastado a Tunísia, campeã africana em título, nos oitavos-de-final, com uma vitória clara por 87-54.

Na fase de grupos, venceu a RD Congo (75-66), perdeu com a Costa do Marfim (81-82) e derrotou o Uganda (75-66).

O Afrobasket’2025 realizou-se em Luanda, Benguela e Namibe.

Cabo Verde regressou assim ao país onde, em 2007, conquistou a medalha de bronze, a melhor classificação da sua história, e onde, em 2023, garantiu a qualificação inédita para o Mundial de Basquetebol.

Edy Tavares fala de momentos de injustiça no Afrobasket

O internacional cabo-verdiano Edy Tavares escreveu nas redes sociais que o torneio foi duro e marcado por injustiças.

“Foi uma competição muito difícil, com momentos de injustiça que custaram, mas nunca deixámos de lutar”, frisou, dizendo que saíram com orgulho e de cabeça erguida pelo grupo que deu tudo.

O jogador agradeceu o apoio do povo. “Obrigado à nossa gente por estar connosco em cada passo, nos bons e nos maus momentos. Esta seleção tem alma e vamos regressar mais fortes. Undi tem união, tem vitória”.

*Com RCV

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1239 de 27 de Agosto de 2025.

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Autoria:*Dulcina Mendes,31 ago 2025 10:54

Editado porSheilla Ribeiro  em  2 set 2025 14:19

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