“Na sequência de um fraco crescimento do PIB, numa média de 1,8% entre 2010 e 2015, a economia recuperou, em 2016, registando um crescimento de 3,8% impulsionado pela agricultura e pelos serviços (principalmente, o turismo); a procura interna deu sinais de retoma, decorrente de um aumento da despesa pública e do crédito privado”, lê-se no relatório do BAD.
“Esta tendência prossegue, com um crescimento do PIB num valor estimado de 4%, em 2017, e, previsivelmente, de 4,1%, em 2018, estimulado pela recuperação do turismo”, acrescenta-se no relatório Perspectivas Económicas em África, divulgado em Abidjan esta quarta-feira, a capital económica da Costa do Marfim.
“A diversificação da economia continua prioritária para um crescimento sustentável e duradouro”, já que “os serviços representam aproximadamente 70% do PIB, cabendo ao turismo uma percentagem de 20%”.
Entre as condições favoráveis, o BAD salienta o potencial do turismo, que vale 47% dos bens e serviços exportados, o impacto das remessas e um “aumento considerável” no investimento directo estrangeiro.
Pelo contrário, o BAD sublinha, do ponto de vista negativo, a necessidade de melhorar os “factores de produtividade, actualmente em declínio, da diversificação da economia, do reforço da resiliência a choques do exterior, designadamente os relacionados com o clima ou a dependência do comércio com a Europa, e a conclusão bem sucedida da restruturação das empresas públicas, como a Cabo Verde Airlines e a IFH (habitação social), cujas dívidas ascendem a quase 20% do PIB”.
No total do continente africano, o BAD prevê um crescimento de 4,1%, nota que a recuperação tem sido mais rápida nos países não dependentes dos recursos e defende o financiamento do desenvolvimento pela dívida.
“A recuperação do crescimento tem sido mais rápida do que o previsto, particularmente nas economias não dependentes de recursos, sublinhando a resistência de África”, lê-se no relatório.
“Estima-se que o crescimento real da produção aumentou 3,6%, em 2017, em relação a um aumento de 2,2%, em 2016, e que registará uma aceleração de 4,1%, em 2018 e 2019”, acrescenta o documento, que considera que “a recuperação no crescimento pode assinalar um ponto de viragem nos países exportadores líquidos de produtos de base, nos quais a diminuição continuada dos preços das exportações fez diminuir as receitas das mesmas e agravou os desequilíbrios macroeconómicos”.