Empresários procuram investidores para negócio de carga aérea

PorLusa,3 jun 2018 9:31

A Câmara de Comércio do Barlavento está à procura de investidores estrangeiros para implementar um negócio de carga aérea no país, para ajudar a resolver os problemas do transporte interilhas, anunciou o presidente da agremiação empresarial.

"Estamos a fazer algumas tentativas no sentido de interessar potenciais investidores externos, que tenham não só capacidade técnica, mas também financeira, por um negócio de carga aérea, pelo menos numa primeira fase interilhas", informou Belarmino Lucas, em entrevista à agência Lusa.

A Câmara de Comércio de Barlavento (CCB), a maior agremiação empresarial da região Norte do país, tem 465 empresas associadas activas, das ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boavista, que juntas representam cerca de um terço da população cabo-verdiana.

O presidente disse que já foram feitos contactos com "potenciais" investidores, mas está também a trabalhar com uma alternativa, que envolve os Correios de Cabo Verde, que já têm "capacidade instalada", mas que também enfrentam dificuldades no transporte de carga postal interilhas.

Belarmino Lucas explicou que o objectivo do negócio de carga aérea é ajudar o Governo a resolver o problema de transporte entre as ilhas, tendo em conta que, considera, o hub aéreo na ilha do Sal não está a servir os interesses do mercado interno cabo-verdiano.

"O 'hub' tem a sua justificação, do ponto de vista do negócio, mas é preciso dar uma outra atenção, ter outra perspectiva relativamente àquilo que são as necessidades do mercado interno", sustentou.

A companhia pública de aviação cabo-verdiana (TACV) está a ser reestruturada para ser privatizada, em que uma das medidas é a implementação da base de operações na ilha do Sal para os voos internacionais.

A nível interno, o Governo cedeu as rotas domésticas à Binter CV em troca de 30% do capital e assinou um contrato de gestão da parte internacional com o grupo islandês Icelandair.

Para o líder dos empresários do Norte de Cabo Verde, a hub "justifica-se plenamente" do ponto de vista internacional, mas não se pode esquecer de servir o mercado interno.

"Temos de arranjar formas de, concomitantemente com o hub na ilha do Sal, ter também formas de servir o mercado interno, e tal como está neste momento, o hub não serve os interesses do mercado interno", prosseguiu, dizendo que assim não será possível dinamizar o turismo interno.

Na entrevista à Lusa, o presidente da CCB disse que os empresários do Norte de Cabo Verde estão a viver "algum aperto", desde a supressão das ligações directas da TACV Internacional para São Vicente, o que é agravado com as dificuldades da Binter no transporte de cargas, das conexões de voos e a falta de voo directo de São Vicente para São Nicolau.

"Neste momento, a situação é de alguma preocupação e de algum aperto a vários níveis, quer em termos das ligações interilhas, mas a nível das ligações internacionais e, particularmente, no que diz respeito à ilha de São Vicente na questão da carga aérea", mostrou.

Belarmino Lucas sublinhou que os empresários compreenderam a medida governamental de reestruturar a TACV, por causa da situação que a empresa atravessava e os custos que tinha para o país, dizendo que foi a "solução menos má" na altura.

Entretanto, considerou que duas coisas teriam de ser "bem afinadas", nomeadamente os poderes do Estado para influenciar a gestão operacional da Binter e uma "regulação muito eficiente", não só do ponto de vista técnico, mas também a parte comercial.

"Porque iríamos cair numa situação de monopólio e quando há monopólio, nos mercados imperfeitos, a regulação tem de funcionar para que os direitos dos consumidores sejam devidamente ressalvados", prosseguiu, dizendo que, neste momento, há coisas que "não estão bem amarradas", gerando também problemas relacionados com as evacuações sanitárias.

O presidente da CCB disse que se o problema das ligações interilhas não for resolvido, os empresários e toda a população de Barlavento vão ficar "numa situação muito complexa".

"A situação que estamos a viver neste momento não se vai resolver se continuaremos a ter o problema da fragmentação do mercado", alertou, dizendo que é preciso haver "coordenação" entre os horários dos voos, o hub da TACV no Sal e as rotas da Binter a nível nacional.

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Autoria:Lusa,3 jun 2018 9:31

Editado porAndre Amaral  em  24 fev 2019 23:21

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