“Dentro desta temática de financiamento da economia, estamos a montar uma unidade de mobilização de recursos, como alternativa de financiamento às pequenas e médias empresas”, anunciou Belarmino Lucas, em entrevista à agência Lusa.
O presidente da CCB afirmou que o projecto está a ser montado em parceria com a Câmara de Comércio, Indústria e Serviço de Sotavento (CCISS), que abrange as ilhas do Maio, Santiago, Fogo e Brava.
A Câmara de Comércio de Barlavento (CCB), a maior agremiação empresarial da região Norte do país, tem 465 empresas activas associadas, das ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boavista, que representam quase 11% do total das 4.307 empresas activas nas cinco ilhas.
Os sectores dominantes no Norte do país são o comércio e serviços, mas há também empresas ligadas ao turismo, indústria e transportes, segundo Belarmino Lucas, indicando que muito das empresas são mistas, com capital estrangeiro, na sua maioria de Portugal.
O líder empresarial disse que unidade vai ter gente que se dedica exclusivamente à procura de alternativas de financiamento às pequenas e médias empresas, com base de dados, conhecimento dos procedimentos e ajudar as empresas a chegar às fontes de financiamento.
O empresário notou “algum conservadorismo” da banca cabo-verdiana relativamente ao crédito à economia e uma “falta de convergência” entre as necessidades de financiamento das empresas e a disponibilidade do sistema bancário.
Por isso, considerou que é preciso essa intervenção do Estado para criar alternativas e avaliar as exigências feitas aos empresários.
Neste sentido, recordou um protocolo assinado em Abril entre o Governo e a banca cabo-verdiana, para a abertura de uma linha de crédito de cerca de 50 milhões de euros para financiamento às empresas com garantia do Estado e juros bonificados em 50%.
“Há manifestamente uma postura muita mais amigável e pró sector privado deste Governo. Agora, uma coisa é ter esta intenção, tomar as medidas, e outra coisa são os resultados dessas medidas que nem sempre têm o efeito exactamente esperado ou que, noutros casos, demoram a produzir os seus efeitos”, prosseguiu o líder associativo.
Na entrevista à Lusa, o presidente da maior agremiação empresarial do Norte de Cabo Verde disse que Governo tem feito um “esforço grande” para alterar o status quo relativamente à economia, com um conjunto de medidas, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento e ao relacionamento com o sector privado, mas tardam a fazer efeitos.
“O que tem eventualmente falhado é alguma efectivamente dos resultados de certas medidas que têm vindo a ser tomadas. Há medidas que se tomam, mas que ainda não produziram o devido resultado e outras em que o ritmo de implementação pode não estar a ser o adequado”, avaliou.
O presidente da CCB deu conta ainda de outros projectos das duas câmaras para melhorar a vida dos empresários, como a criação de um núcleo de empresas certificadas nas mais diversas áreas, com apoio do Banco Mundial.
Belarmino Lucas disse que o objectivo é conseguir a certificação para as empresas poderem ter condições de atingir o mercado interno, mais concretamente o mercado turístico.
Também disse que a CCB está envolvida na construção de naves industriais no parque do Lazareto, em São Vicente, para atrair empresas industriais.
Ainda em parceria com a congénere de Sotavento, a Câmara de Comércio de Barlavento está a criar um sistema de videoconferência a nível nacional, para mitigar os efeitos da insularidade e ter maior integração do mercado cabo-verdiano.