A garantia foi dada hoje por Joel Muzima, da direcção do BAD, que integra uma missão de altos dirigentes da instituição que hoje esteve reunida com empresários, em Mindelo, tendo em vista a preparação do programa “Compacto de Desenvolvimento dos Países Lusófonos em África".
“A primeira área de foco tem a ver com as infra-estruturas, em particular as questões de transporte. Sabemos que o executivo cabo-verdiano está neste momento a implementar um programa ambicioso de desenvolvimento municipal e para a interconexão da economia das várias ilhas, mas a questão do transporte é fundamental. Então, vamos trabalhar muito na preparação de projectos estruturantes nesta área. A outra área crítica tem a ver com a energia. Embora a taxa de electrificação de Cabo Verde esteja acima da média regional, ainda subsistem alguns desafios: as questões de custo, as questões de eficiência na prestação deste serviço”, aponta.
Para já, os encontros com os empresários têm como finalidade a preparação de um compacto para o desenvolvimento do sector privado nos países lusófonos em África. O compacto pretende promover o sector privado e tem três áreas de foco: mitigação de riscos para projectos de investimentos, financiamento e assistência técnica.
Keith Martin, consultor do Banco Africano de Desenvolvimento, explica que a instituição opera com projectos acima de 30 milhões de dólares, mas que dentro do compacto o foco estará em projectos menores.
“Dentro do compacto temos o compromisso do BAD e dos outros parceiros para que sejam considerados projectos de menor porte. Quatro dos PALOP, inclusive Cabo Verde, são países relativamente pequenos em termos de população, economia, etc. Mesmo sendo Cabo Verde um país de renda média, há questões do mercado interno limitado, as suas peculiaridades geográficas, etc. então, gostaria de passar essa mensagem de que não há um limite para baixo em termos do tamanho do projecto. Obviamente, do outro lado, o BAD não pode dispensar as regras que tem”, explica.
Neste programa, o BAD vai financiar projectos das pequenas e médias empresas. O presidente da Câmara de Comércio, Belarmino Lucas, destaca a importância da linha de financiamento, que está em sintonia com o principal problema do sector empresarial nacional, o financiamento.
“Mais de 90% do tecido empresarial cabo-verdiano é constituído por micro, pequenas e médias empresas. Se for algo vocacionado para essas empresas, as vantagens são evidentes porque muitas vezes o problema que nós temos é que esses organismos financeiros internacionais têm limites de financiamento mesmo em termos do chão, que fica muito acima daquilo que é a capacidade de absorção das empresas cabo-verdianas. Uma pequena empresa dificilmente terá um projecto de cinco milhões de euros”, diz.
Para além do compacto, de 7 a 9 de Novembro, acontece o Fórum Africano de Investimentos, na África do Sul. O evento, que deve contar com a presença de cerca de mil investidores e de empreendedores de África, vai servir para acertar negócios que sejam estruturantes.