Os peritos do Banco Mundial reviram em baixa as estimativas para ambos os anos em 0,1 pontos percentuais desde o relatório apresentado há 12 meses e projectaram um crescimento de 2,8% para 2020 e 2021.
"As perspectivas para a economia global são mais sombrias. As condições de financiamento global foram apertadas, a produção industrial atenuou, as tensões comerciais intensificaram-se e algumas grandes economias emergentes e em desenvolvimento sentiram uma pressão significativa nos mercados financeiros", refere o relatório 'Perspectivas Económicas Globais" de 2019 publicado ontem.
Os principais riscos para a economia global são a possibilidade de perturbações descontroladas dos mercados financeiros, um escalar de disputas comerciais, a incerteza política e a desaceleração em simultâneo dos EUA e China, as duas maiores economias mundiais.
Numa apresentação em Londres, a economista Franziska Ohnsorge, uma das autoras do documento, destacou um potencial impacto de uma guerra comercial entre os EUA e China, as duas maiores economias mundiais, se avançarem com o aumento de tarifas aduaneiras.
Os peritos do Banco Mundial estimam que, se todas as tarifas actualmente em consideração forem implementadas, afectariam cerca de 5% dos fluxos de comércio global e poderiam prejudicar o crescimento nas economias envolvidas, levando a repercussões globais negativas.
"Se o crescimento chinês abrandar um ponto percentual, o crescimento mundial abranda 0,3 pontos percentuais. As economias emergentes e mercados em desenvolvimento abrandariam 0,6%, quase o dobro, porque estão mais expostas à China do que as economias avançadas", indicou.
Por outro lado, se a economia norte-americana entrar em recessão, o que é considerado muito pouco provável, existem 60% de hipóteses de arrastar a economia global para o vermelho.
"O risco de uma recessão mundial é reduzido porque, por enquanto, as economias avançadas ainda estão a crescer acima das taxas potenciais, muito devido a políticas. Os EUA estão a beneficiar do estímulo fiscal que ainda está a impulsionar fortemente o crescimento este ano, mas que só deverá começar a deixar de sentir-se no próximo ano", vincou.
O crescimento económico nos EUA vai passar de 2,9% em 2018 e 2,5% em 2019 para 1,6% em 2020, segundo o relatório, enquanto na China se espera um crescimento económico de 6,5% em 2018 e 6,2% tanto em 2019 como em 2020.