De acordo com o relatório e contas da empresa de 2018, recentemente divulgado pelo Ministério das Finanças, o volume de negócios da Cabnave, estaleiros instalados na ilha de São Vicente, subiu para 310 milhões de escudos (2,8 milhões de euros), um aumento homólogo de 14,9%.
Contudo, os resultados operacionais continuaram negativos, neste caso em 8,2 milhões de escudos (75 mil euros).
No último ano, os estaleiros junto à cidade do Mindelo receberam, para reparação, 17 navios de pesca de armadores chineses, que representaram um encaixe de 55,2 milhões de escudos (500 mil euros). Números abaixo do registado em 2017, quando a Cabnave recebeu 28 navios chineses, em negócios que renderam 63,7 milhões de escudos (576 mil euros).
“A actividade comercial decorreu na normalidade, trabalhando com os clientes habituais, tendo sido conseguido alguns novos clientes chineses, a quem foram prestados serviços de reparação naval pela primeira vez”, destaca, ainda assim, o mesmo relatório.
No espaço de um ano, a facturação da Cabnave à China passou de um peso de quase 24% do total, para menos de 20%, chegando a Espanha à liderança, entre os armadores estrangeiros, destronando os chineses.
Em 2017, chegaram 18 navios espanhóis para reparar nos estaleiros do Mindelo, número que no ano seguinte aumentou para 20. Contudo, esse aumentou quase triplicou na facturação, passando de 38,1 milhões de escudos (340 mil euros) para 120 milhões de escudos (mais de um milhão de euros).
“Não obstante a importância que o mercado espanhol tem para os negócios da Cabnave, no ano em apreço o peso tomou uma expressiva dimensão muito pela circunstância de dois navios espanhóis se terem submetido a grandes reparações”, lê-se no relatório.
No último ano, os estaleiros da Cabnave receberam ainda, para reparação, 15 navios de Cabo Verde (-2), quatro de Itália (+2) e dois da Coreia do Sul (-2), entre outros países, totalizando 68 navios, contra os 85 de 2017.
A localização, no Atlântico médio, é um dos atractivos apresentados pela Cabnave, que atualmente emprega 150 trabalhadores, mas cuja “estrutura e a realidade” fazem “com que seja praticamente impossível conseguir produzir resultados líquidos claramente positivos com o volume da exploração verificada”, conforme admite a administração.
“Tal será possível apenas com a realização de investimentos e outras acções que exigem capacidade financeira capazes de provocar modificações estruturais, com implicações na capacidade produtiva e na rendibilidade”, acrescenta a administração da Cabnave, na mesma mensagem.
A empresa reconhece ainda que a exploração da actividade em 2018 “continuou a evidenciar melhorias à imagem das registadas no ano anterior”, mas que “ainda não suficiente para se alcançar resultados líquidos positivos”.
“O maior volume de vendas verificado não atingiu o nível bastante para superar, de entre outros, os custos de estrutura existentes, agravados pelas exigentes necessidades de manutenção das instalações e equipamentos”, lê-se.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou em Julho, no parlamento, que o Governo pretende concessionar a Cabnave – Estaleiros Navais de Cabo Verde, ainda este ano, negócio em que anteriormente esteve interessado o grupo português ETE.
“Na reparação naval, os estaleiros navais da Cabnave serão concessionados este ano, criando condições para os investimentos e expansão de atividades”, disse o primeiro-ministro, perante os deputados.
O Governo anunciou em Agosto de 2017 o cancelamento do concurso internacional para a subconcessão dos Estaleiros Navais de Cabo Verde. O grupo português ETE – que integra, entre outras empresas, o armador Transinsular - venceu aquele concurso, para uma subconcessão por 30 anos, mas o Governo considerou que o modelo, lançado pelo executivo anterior, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), não se enquadrava na estratégia do actual (MpD), para o sector.