A CV Interilhas fez estes esclarecimentos em nota, na sequência de questionamentos da Inforpress sobre o processo de registo do navio Chiquinho BL, sublinhando que o processo de registo na bandeira de Cabo Verde encontra-se em curso junto do Instituto Marítimo e Portuário (IMP).
“Como é do conhecimento público, o navio reúne todas as condições operacionais e de segurança para o tráfego de passageiros e mercadorias, e em muito melhores condições dos que as existentes no passado pelo facto de o navio ser novo”, lê-se na nota.
As “excelentes condições” da embarcação foram postas à prova, segundo a mesma fonte avançou à agência em São Vicente, numa viagem transoceânica equivalente a metade da volta ao mundo, de cerca de 12.000 milhas viagem, em que “superou com distinção e que foi certificada por uma das mais reputadas sociedades classificadoras”, disse a CV Interilhas, sem, no entanto, apontar a entidade classificadora.
“É nossa intenção colocar à disposição da população e da economia do País este importantíssimo meio de transporte logo que as autoridades o permitam”, assegurou a empresa, adiantando aguardar o “normal desenrolar” do processo de licenciamento e certificação, em “estado adiantado” junto do IMP, “única fonte credível e vinculativa para o efeito”.
A Inforpress também contactou o conselho de administração do IMP, que, através do gabinete de comunicação e imagem, afiançou que o processo de registo de bandeira corre os “trâmites normais” e estão sendo feitos os procedimentos para legalização da embarcação.
“Não há nada de anormal”, garantiu a administração do IMP.
Por outro lado, hoje, no Parlamento, o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), João do Carmo, afirmou em declaração política que os cabo-verdianos precisam saber porque é que sendo novo o navio “não aguentou a viagem e chegou a Cabo Verde com várias fissuras, sinais assinaláveis e visíveis a olho nu de oxidação e ferrugem”.
João do Carmo disse ainda que os cabo-verdianos precisam saber porque é que os inspectores recusam certificar o navio e porque é que a região autónoma da Madeira também demora a emitir registo definitivo para o navio fazer viagens nos mares de Cabo Verde.
A CV Interilhas esclareceu que o navio “nem sequer ainda teve oportunidade de ser inspeccionado” pelos técnicos inspectores do IMP.
Uma informação também confirmada à Inforpress pelo comandante Nicolau Sousa, que acompanhou a viagem do barco da Coreia do Sul até Cabo Verde, que asseverou que o navio “tem condições para navegar nos mares do arquipélago”, embora admita que possa ter “algumas restrições” em alturas do ano com mar “muito bravo”.
Segundo a mesma fonte, Chiquinho BL fez 57 dias e meio de viagem passando por lugares como Singapura, Mar Vermelho e Egipto, e apanhou mar alto e “conseguiu ultrapassar todos os obstáculos”.
Ainda no parlamento, João do Carmo denunciou que o navio Chiquinho, não foi comprado pela CV Interilhas, mas alugado ao grupo ETE.
O deputado do principal partido da oposição afirmou ainda que o navio “não tem seguro activo” e “não está preparado para navegar em mar aberto”.
Esta mesma posição foi defendida pelo deputado da UCID, António Monteiro, que adianta que o País está a pagar um “balúrdio” por um serviço que tem “mais lacunas do que antes da concessão”.
Em reacção, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD – poder), João Gomes, disse que o Governo do MpD não mentiu a ninguém.
“A CV Interilhas tem a obrigação de cumprir o serviço público de transporte marítimo e assumiu contratualmente de trazer cinco navios. Ainda apenas trouxe um. Portanto, se o navio é alugado, dado ou vendido é um problema da companhia e não de um Governo, ou dos deputados. Os deputados querem e os deputados exigem é que tenhamos um transporte correcto, digno e que satisfaça as necessidades dos cabo-verdianos”, sublinhou.