Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral da companhia, Luís Quinta, recordou que desde Abril que a TICV não transporta passageiros em voos comerciais, devido ao estado de emergência decretado para conter a pandemia de COVID-19, para uma média anterior de 28 mil passageiros por mês.
“Como regra geral, não anunciamos os valores publicamente, mas podemos adiantar que os prejuízos financeiros sem dúvida estão a ser bastante elevados”, disse Luís Quinta, questionado pela Lusa sobre os prejuízos que a companhia tem registado, face à suspensão dos voos internos.
O plano de desconfinamento entretanto iniciado em Cabo Verde previa a retoma dos voos internos a 30 de Junho. Contudo, o Governo decidiu, na véspera, adiar essa retoma para 15 de julho, devido ao número crescente de casos de COVID-19 desde o início de junho (mais de mil).
Antes da pandemia, a companhia realizava, na época alta, até 28 voos diários nas ligações entre as ilhas cabo-verdianas e atingiu em 2019 um milhão de passageiros transportados em Cabo Verde.
Luís Quinta explica que “embora ambiciosa” para o futuro, a gestão da companhia (ex-Binter CV), “sempre foi feita com cautelas financeiras”, já “a contar com as volatilidades” do sector.
“Obviamente nunca estaríamos 100% preparados para uma crise tão séria e potencialmente longa como esta, principalmente tendo em conta que nem quatro anos de existência temos. Será fundamental para nós observar a retoma do mercado. Contamos com mais uns meses difíceis, e observaremos o comportamento do setor quando os voos internacionais forem retomados”, acrescentou, admitindo nessa altura (retoma dos voos internacionais prevista para agosto) rever as projeções da companhia.
Na reacção à notícia de um possível apoio do Estado à TICV, Luís Quinta, o diretor-geral da companhia explicou desconhecer o teor desta medida, mas sublinhou que existem “vários tipos de apoio já previstos na legislação” e que podem ser adoptados.
“Estes apoios podem variar desde as ‘obrigações de serviço público’, como também a actual compensação por passageiro nacional para as ilhas do Maio e São Nicolau, uma vez que são ilhas com menos de 20.000 passageiros por ano. Na nossa óptica e a par do que vem na notícia, também achamos absolutamente necessária a retoma urgente do setor aéreo. Isto não só pela TICV, mas por todos os envolvidos na área do turismo e dos transportes”, concluiu Luís Quinta.
Cabo Verde regista um acumulado de 1.542 casos de covid-19 diagnosticados desde 19 de Março, com 19 óbitos e 730 recuperados.