Apontando para uma contracção das economias dos países parceiros de Cabo Verde - Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido, principais parceiros económicos do país, contraíram 9, 4 e 11 por cento, respectivamente –, o banco central explica que o “pior desempenho do país comparativamente aos dos parceiros estará a traduzir, por um lado, a capacidade de resposta, contracíclica, das autoridades de uma economia em que o sector informal tem peso relevante e em que os espaços orçamentais e monetários são relativamente limitados pela base tributária e estrutura das despesas do Estado, pelo regime monetário e cambial e pelos desafios enfrentados pelo sector financeiro”.
O Banco de Cabo Verde aponta igualmente que tanto o défice como a dívida do Estado, onde se incluem os Títulos Consolidados de Mobilização Financeira e a dívida contraída pelas autoridades nacionais junto ao Fundo Monetário Internacional, “atingiram em Agosto de 2020, respectivamente, 3,5 e 146 por cento do PIB projectado para o ano, o que compara aos valores de 1,8 e de 130,5 por cento do PIB de finais de 2019”.
Por outro lado, avança o BCV, o sistema monetário manteve a sua liquidez tendo a oferta monetária “expressa pela evolução da massa monetária crescido 1,2% entre Dezembro de 2019 e Agosto de 2020”, um crescimento que, prossegue o BCV, foi impulsionado pelo aumento das “necessidades de financiamento do Estado, bem como das empresas e famílias, conforme mostra o crescimento do stock de crédito do governo central e do sector privado em 6,6 e 1,4 por cento, respectivamente”.
Para 2021, o banco central prevê que PIB em volume poderá crescer 5 por cento desde que sejam “garantidos o controlo da epidemia no país e no mundo, a partir do segundo trimestre do ano. Caso contrário, o crescimento económico poderá não ultrapassar os 3% no próximo ano”.
Já a taxa de inflação média anual “deverá permanecer perto de 1 por cento tanto em 2020 como em 2021”, enquanto a balança de pagamentos poderá “registar um défice de pelo menos 25 e 30 milhões de euros em 2020 e 2021, respectivamente. Não obstante, as reservas deverão continuar a garantir nos dois anos mais de seis meses das importações de bens e serviços”, conclui o documento publicado hoje pelo BCV.