De acordo com o relatório “Global Outlook on Financing Sustainable Development 2021: A New Way to Invest for People and Planet”, cerca de “90 países em vias de desenvolvimento encontram-se em recessão económica” e “150 milhões de cidadãos” poderão ser “atirados para uma situação de pobreza extrema” ainda este ano por causa da pandemia.
A publicação divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) explicita que antes da crise pandémica estes países “já se deparavam com uma lacuna financeira de 2,5 biliões de dólares” para conseguirem cumprir os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.
A pandemia veio agravar este hiato, que a OCDE estima ser agora de 4,2 biliões de dólares, e resulta não só do “agravamento das necessidades financeiras” destas nações na ordem de 1,7 biliões de dólares, mas também da quebra de investimento directo estrangeiro e de remessas de emigrantes em 700 mil milhões, e do aumento em um bilião de dólares das despesas associadas à gestão e resposta à covid-19.
Por isso, a OCDE adverte para o “risco de colapso do sistema financeiro ao desenvolvimento”.
Contudo, apesar dos obstáculos ao investimento provocados pela pandemia, o relatório explicita que os países que integram esta organização “têm a obrigação” de reforçar o apoio financeiro aos Estados “mais frágeis, tanto na gestão da crise sanitária, como na recuperação económica” – que terá de estar em pé de igualdade com o combate às desigualdades e às alterações climáticas.
A OCDE recomenda a “mobilização de mais ajuda pública ao desenvolvimento”, uma abordagem sistémica da dívida dos países mais pobres, o aumento de mecanismos de investimento privado, e o alinhamento de todo o financiamento público e privado com os objetivos de desenvolvimento sustentável.
Os Estados que integram a OCDE também têm de “suprir a lacuna de 4,2 biliões de dólares” no financiamento ao desenvolvimento.
O relatório especifica que há “cerca de 379 biliões de dólares de activos financeiros geridos por bancos, investidores institucionais, mercado de capitais e gestores de ativos financeiros”.
“Logo, bastaria que 1,1% desses ativos financeiros fossem anualmente alocados a projetos dedicados ao desenvolvimento sustentável para que aquele défice fosse suprido”, completa o relatório.
Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável são: Erradicar a pobreza; erradicar a fome; saúde de qualidade; educação de qualidade; igualdade de género; água potável e saneamento; energias renováveis e acessíveis; trabalho digno e crescimento económico; indústria inovação e estruturas; reduzir as desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; produção e consumo sustentáveis; ação climática; proteger a vida marinha; proteger a vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes; parcerias para a implementação dos objetivos.