Jorge Spencer Lima defende adopção de novas medidas para salvar empresas

PorSheilla Ribeiro,9 jan 2021 9:51

O presidente da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS) afirma que não prevê nenhuma evolução positiva para 2021 e que é preciso tomar novas medidas. Isto porque, conforme defende, as medidas tomadas no início da pandemia já não servem.

Ao Expresso das Ilhas Jorge Spencer Lima frisa que 2020 é um ano para esquecer. Um ano, prossegue, que funcionou até o mês de Março e que com a chegada da pandemia do novo coronavírus foi tudo abaixo.

“As empresas fecharam as portas, deixaram de facturar, os trabalhadores entraram em layoff e, até onde foi possível, as empresas aguentarem o layoff. Andamos todos aí meio perdidos à procura de uma saída, à procura de soluções para se ultrapassar esta crise que perdura até hoje”, refere.

Nesse sentido, Jorge Spencer Lima diz que a CCS prevê o início de uma retoma a partir do mês de Julho. “Para 2021 nós não prevemos ainda nenhuma evolução positiva”, diz.

Antes disso, apontou, é preciso estar preparado para sobreviver e encontrar soluções que possam garantir os empregos.

“E isto não é só uma questão de empresas e empresários. O Governo tem um papel fundamental nesta história do combate à crise, não pode ficar de mãos atadas. Não estou a dizer que está, mas tem que encontrar soluções mais rápidas e mais duradouras. As soluções que o governo tem encontrado, em determinado momento serviram, ajudaram as empresas a sobreviver, mas neste momento é preciso uma outra solução e não ficar a copiar as soluções portuguesas que algumas delas não servem para Cabo Verde”, precisou.

Jorge Spencer Lima ressalta ainda que os empresários têm de fazer o seu esforço, mas que depois de “praticamente” nove meses de inactividade, as empresas e os empresários já atingiram o limite.

“Já não têm mais do que isso, já não têm mais aonde ir buscar. Já fomos às poupanças, já se hipotecou bens ao banco, já fizeram tudo que devem fazer para salvar as empresas, para salvar os empregos. Portanto, as medidas que foram tomadas no início da pandemia, hoje já não servem”, pontuou.

Segundo Jorge Spencer Lima, tais medidas, “já não servem” porque já não se encontram empresas com força. Assim, sugere que as medidas devem ser outras.

“Nós já fizemos várias propostas ao Governo, mas nenhuma foi aceite. O governo parece que tem ouvidos moucos. Pede as propostas e desde o início, até hoje, o Governo fez o que bem quis. Então, o governo que assuma as suas responsabilidades” indicou.

Como exemplo de medidas que a Câmara de Comércio sugeriu, Spencer Lima diz que os trabalhadores não podem ganhar e ficar em casa. Ou seja, para a CCS já que os trabalhadores recebem 70% dos salários, deveriam também trabalhar 70%.

O presidente da CCS defende ainda que as empresas já não têm dinheiro para comparticipar do layoff e que vão ter de despedir trabalhadores.

“Portanto, o que é que vai acontecer? Os trabalhadores vão para casa. Os empresários vão despedir os trabalhadores porque já não conseguem pagar nem 30 nem 20 nem 10, nem coisa nenhuma. Vão para casa e o que é que vai acontecer? Vai acontecer que as chefias de família, do emprego, das pessoas, dos trabalhadores vão para casa”, presumiu.

Nessa perspectiva, este responsável aponta para as responsabilidades do governo e da oposição e sugere tomada de medidas de contraciclo.

“Quando o governo pede para aumentar o endividamento e cortam-lhes as asas não faz sentido. Nós não podemos estar a falar de aumento de endividamento em Cabo Verde como se estivéssemos a viver normalmente. Não estamos a viver normalmente. O Governo tem que endividar. Contraciclo, não se pode cortar as asas ao Governo neste momento dizendo que a dívida pública vai aumentar porque tem que aumentar. O Governo tem que se endividar para ajudar as famílias, aí o governo está certo”, defende.

Conforme reitera, este é o momento de união e deve-se esquecer a “história” de que as eleições estão próximas.

“Temos de ser capazes de ouvir vozes para ultrapassar esse estado de coisas que estão para que as famílias possam ter o seu pão de cada dia, para que as pessoas possam retomar o seu emprego e para que as coisas possam voltar à normalidade. Se continuarmos a lutar uns contra os outros e não conseguirmos ser capazes de ter um consenso racional de ajuda mútua para salvar Cabo Verde, salvar as famílias, salvar as pessoas, salvar os empregos, estamos a caminho de uma grande catástrofe”, aconselha.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 997 de 6 de Janeiro de 2021. 

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Autoria:Sheilla Ribeiro,9 jan 2021 9:51

Editado porJorge Montezinho  em  8 out 2021 23:21

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