O empresário Nuno Pereira, accionista único da BestFly Word Wide, disse à Lusa que o negócio foi fechado hoje com o grupo espanhol, nas Canárias, envolvendo a compra da empresa TICV e da sua marca, incluindo os trabalhadores, viabilizando a continuidade da operação no arquipélago.
“A partir de hoje a Binter deixou de existir em Cabo Verde como operador aéreo. Acredito nesta operação em Cabo Verde e já tinha antes o objetivo de ter um AOC [Certificado de Operador Aéreo] em Cabo Verde, pelo que aproveitei a oportunidade. A muito curto prazo será a TICV, cuja gestão é da minha empresa daqui para a frente, a assumir a operação em Cabo Verde”, explicou Nuno Pereira.
A Binter Cabo Verde foi criada em 2014, como uma companhia de direito 100% cabo-verdiano, que tinha como único accionista a empresa Apoyo Y Logistica Industrial Canária, Sociedade Limitada, tendo sido transformada na actual TICV em 2019, ano em que assinalou um milhão de passageiros transportados entre as ilhas cabo-verdianas.
Até Maio deste ano a TICV era a única companhia que fazia as ligações entre as ilhas do arquipélago, depois da saída da companhia aérea pública TACV, em Agosto de 2017.
Contudo, em Maio último, após um diferendo com as autoridades cabo-verdianas, nomeadamente sobre apoios à companhia devido à pandemia de covid-19, a TICV, liderada pela Binter, deixou de vender bilhetes para a segunda quinzena e desde 16 de Maio que não realiza voos comerciais.
A empresa BestFly Angola (empresa diferente da BestFly World Wide) assumiu em 17 de Maio a concessão emergencial, por seis meses, do transporte aéreo interilhas, por decisão do Governo, face à perspetiva de ausência de voos.
Nuno Pereira é director-geral da BestFly e um dos seus accionistas, mas explicou à Lusa que a compra de 70% do capital social da TICV foi feita apenas através da BestFly World Wide, empresa em que é o único acionista.
“Este negócio foi uma aposta minha e depois vamos decidir se mantemos esta marca, como TICV, ou se mudamos. Mas será este o operador que vai assumir os voos em Cabo Verde”, sublinhou.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.